Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Envelhecimento e Vida
Elizabeth Clarkson Mattos

Resumo


O curso de Medicina da UFF apresenta a partir de 1992, sua reforma curricular, com o diferencial em relação aos outros cursos de medicina ao colocar os seus alunos em rede hierarquizada de serviços ampliando em muito a participação do aluno em atividades práticas. Para essa possibilidade estrutura o seu currículo em vários módulos, um dos quais corresponde o módulo do Programa Prático-Conceitual, cuja característica principal é a de articular disciplinas teóricas com o campo de prática na área da saúde tomando como desafio a criação de redes de saberes centrados na integração do ensino-aprendizagem com a extensão e a pesquisa. A minha atuação como docente se faz na disciplina de Trabalho de Campo Supervisionado I, na área de estudo do Envelhecimento e Vida cuja proposta vai desenvolver junto ao aluno a percepção da velhice nas diferentes dimensões: cultural, social e política, atravessadas pela transdisciplinaridade. Dentre as atividades impostas pelo campo vivenciamos uma experimentação única com os grupos de idosos nas instituições visitadas, tais como as que envolvem a psicomotricidade e o corpo contemplando nestas, cinema e música, ambos aliados ao exercício de corpo/ movimento nas diferentes maneiras de trabalhar a percepção, o corpo e o esquecimento/memória, também em suas diversas formas de expressão. Nesta pesquisa utilizo a cartografia como um método, de produção de conhecimento e de ações em saúde em que se é produzido o cuidado em rede ao se dar passagem às formas de expressão, num fluxo de permanente reconstrução de sentidos. O referencial da filosofia da diferença e a interlocução com Michel Foucault, Gilles Deleuze, Felix Guattari, Henri Bergson e Baruch Spinoza busca refletir sobre a parceria entre instituições de ensino e serviços de saúde, na qual, a partir do processo ensino-aprendizagem, o devir-aluno, o devir-docente, gestor ou trabalhador se encontram, se transmutam e produzem novas subjetividades. Dar passagens aos afetos produzido nessa empreitada também se constitui como uma das funções do cartógrafo-docente. As cartografias trazem marcas desses afetos, de encontros, desencontros, linhas de força, saberes, poderes, paixões e atravessamentos que são produzidos. A conclusão do trabalho consiste em se perceber os processos criativos dos alunos como efeito das relações nos encontros com os idosos que inventam modos de viver. Nos encontros de gerações as possíveis transformações se dão nas duas gerações de jovens e de idosos.