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CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMAO desenvolvimento das atividades de estágio, o que possibilita o contato direto do estudante com o usuário e confere oportunidade singular de aplicar seus conhecimentos teóricos, bem como contribuir para o desenvolvimento de habilidade e destreza nas ações1, é regulamentado pelo Ministério da Educação (MEC) através da Lei 6494/77 e do Decreto 8797/82. A formação dos profissionais de saúde requer um ensino de qualidade que lhes conceda competência na realização de atividades assistenciais, gerenciais e de ensino e pesquisa; para tanto, os Cursos de Graduação em Enfermagem buscam desenvolver atividades teórico-práticas e de estágio em todos os níveis de atenção da saúde. Com a reformulação curricular foram adotadas diversas perspectivas de mudanças para o fortalecimento da formação dos profissionais de saúde, dentre estas a integração ensino-serviço, aproximando-se da proposta dos modelos tecnoassistenciais com a prática do cuidado em saúde, com o trabalho em equipe e com a educação permanente. Dessa forma a reorientação das relações entre profissionais de saúde, instituições de ensino e comunidade são essenciais para redefinir os processos formativos para atuação em um mundo cada vez mais competitivo, garantindo o atendimento integral e humanizado à população. A Enfermagem como categoria profissional que visa à saúde individual e coletiva, sempre buscou a interface entre a comunidade e os serviços de saúde, de tal modo que incorporou as estratégias do Programa Saúde da Família (PSF), contribuindo significativamente para os processos de planejamento, coordenação, implantação e avaliação dessa nova proposta. Nesse sentido a articulação ensino-serviço é sumamente importante para a formação profissional, pois o estágio é um processo pedagógico de formação profissional que tenta criar elo entre a formação teórico-científica e a realidade do meio, propiciando ao estudante o estabelecimento de correlações entre o referencial teórico e as situações do cotidiano. O estágio é uma importante estratégia para efetiva integração entre teoria e prática, devendo também se colocar a serviço da reflexão da realidade, possibilitando ao aluno elaborar críticas e buscar soluções adequadas para os problemas de saúde encontrados. Este relato de experiência objetivou conhecer os desafios e perspectivas que envolvem a integração entre o ensino e o serviço na formação acadêmica do profissional enfermeiro. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Durante o segundo semestre de 2011, vinte e oito acadêmicos de enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery realizaram estágio curricular em cinco clínicas da família pertencentes à CAP 3.1. Destes vinte e oito estudantes, oito realizaram o estágio na Clínica da Família Dr. Felipe Cardoso, localizada na Penha, a qual é contemplada por este recorte temporal. Os alunos foram divididos em pares nas equipes Três Reis, Aparecida e Uanapú. O estágio foi realizado das segundas-feiras às quartas-feiras, de 8h as 17h. Entre as atividades realizadas pelos acadêmicos, encontram-se as consultas de enfermagem de puericultura, pré-natal, ginecológica e consulta de adulto, assim como procedimentos, visitas domiciliares, reuniões de equipe, grupos educativos e educação permanente. Toda atividade realizada pelas acadêmicas, desde consultas a orientações em grupo, tiveram a supervisão da enfermeira orientadora. Nas consultas de adulto (hipertensos e diabéticos) percebeu-se a necessidade de orientar sobre hábitos saudáveis de vida a fim de prevenir as complicações e estimular a autonomia e autocuidado destes usuários. Durante as consultas de pré-natal foi possível vivenciar que a assistência de enfermagem, nesta fase do ciclo vital, deve-se traduzir em uma abordagem integral à gestante, com o objetivo de desenvolver ações voltadas à detecção precoce da gestação, bem como seu acompanhamento regular. Durante as consultas de puericultura realizou-se o atendimento integral do crescimento e desenvolvimento da criança de zero a cinco anos de idade. O atendimento na infância engloba um conjunto de ações ou medidas preventivas visando evitar adoecimento da criança ou seu desenvolvimento inadequado EFEITOS ALCANÇADOS: As atividades realizadas durante o estágio foram organizadas de formas dinâmicas, com situações que exigem planejamento e iniciativa. Este fato proporcionou aos graduandos a oportunidade de exercitar na prática as aulas teóricas. Tal fato exige reflexão crítica dos problemas que demandam ajuste e mudanças que resultem em ganho real tanto para o graduando quanto para a instituição de saúde. Constatou-se que a inserção dos acadêmicos do último período de graduação resgata conhecimentos adquiridos ao longo da jornada acadêmica, assim como proporciona uma educação continuada dos preceptores que necessitam retornar à teoria para contemplar os questionamentos dos acadêmicos e se atualizar. Além disso, pode-se perceber que a participação dos acadêmicos em interconsultas favorece a interdisciplinaridade da assistência e trabalho em equipe e permite o desenvolvimento da autonomia e estímulo ao aprendizado tanto para o acadêmico quanto para profissional da atenção primária. RECOMENDAÇÕES: O estágio curricular se revelou como um momento de grande importância no processo de formação profissional, possibilitando não só a integração dos conteúdos ofertados durante o curso de graduação, mas também crescimento pessoal frente aos problemas cotidianos no trabalho. Acredita-se que uma das maneiras de incentivar a transformação do modelo de atenção vigente é a formação de profissionais com uma perspectiva inovadora e abordagem crítico-reflexiva. A inserção do estudante na realidade dos trabalhadores do SUS possibilita a formação de profissionais preparados para atuar nesta lógica e em consonância com os objetivos da atenção básica: humanização da assistência, ênfase na promoção da saúde, assistência domiciliar e alta capacidade resolutiva na atenção básica. O atendimento de forma holística e multidisciplinar junto ao usuário proporciona uma vasta oportunidade de aplicação dos conhecimentos profissionais e mais qualidade na assistência prestada, além do desenvolvimento de habilidades que não podem ser adquiridas apenas com conteúdo teórico. Entre essas habilidades estão a relação interpessoal, a percepção das necessidades individuais e a organização de um processo de identidade profissional, compreendendo, assim, o que vem a ser uma Estratégia da Saúde da Família, o que possibilita a formação de profissionais competentes e capazes de aplicar em suas práticas futuras os princípios do SUS de universalidade, equidade e integralidade da assistência. O tempo de convívio com os estudantes proporcionou experiência positiva e recompensadora, facilitando efetivamente o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade nesta etapa de transição de identidade do futuro enfermeiro.