Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Construindo espaços de diálogo: o trabalho do agente comunitário de saúde em foco
Welington Serra Lazarini

Resumo


O Programa de Agentes Comunitários de Saúde foi criado em 1991 motivado pela descentralização de recurso no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), mas sua regulamentação ocorreu apenas em 1997. Adquiriu grande importância no processo de consolidação do SUS, sobretudo na reorientação da assistência prestada pela Atenção Básica, sendo considerado como um estágio prévio para a instalação da Estratégia Saúde da Família (ESF). O programa foi inspirado em experiências de prevenção de doenças, sobretudo àquelas relativas a mortalidade materno-infantil, que por muitos anos assolaram o país. Nesse processo, a figura do agente de saúde emana como protagonista, sendo o elo entre os serviços de saúde e a comunidade. No município de Vitória-ES, a ESF fora instalada no ano de 1998, em apenas algumas Unidades de Saúde (US) da cidade. Somente no ano de 2001, a ESF chega a US onde a experiência aqui relatada se concretizou sendo situada na periferia do município, cujo território de abrangência contempla seis grandes bairros. A US é composta por seis equipes de saúde da família. Destas, a Equipe V é composta por cinco agentes comunitárias de saúde, todas do sexo feminino e que atuam na profissão há dez anos. Todavia, as agentes queixavam-se da falta de espaços e momentos onde pudessem conversar sobre suas atividades e da necessidade de atualizar a sua prática. Dessa forma, no segundo semestre de 2011, articulou-se um espaço onde pudessem ocorrer esses momentos. A pactuação estabeleceu que os encontros ocorreriam quinzenalmente, às sextas-feiras, das 16 às 17 horas, na sala de reuniões da US. Como disparador dos temas, o livro base para consulta foi “O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde”, lançado pelo Ministério da Saúde em 2009. Utilizando metodologias participativas temas como a história do SUS, processos de trabalho, visita domiciliar, ESF, trabalho multidisciplinar e relações interpessoais, puderam ser debatidos, sempre contando com a presença do enfermeiro da equipe. A criação deste espaço oportunizou às agentes momentos de reflexão crítica sobre seus processos de trabalhos. Tal atividade contribuiu para a valorização das profissionais, cujo trabalho nem sempre recebe o devido reconhecimento, embora seja primordial para o sucesso da ESF. Assim, recomenda-se aos serviços de saúde a criação de mais espaços de diálogo com os agentes comunitários de saúde, favorecendo seu protagonismo e contribuindo para a melhoria do seu trabalho.