Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Criação de uma rede municipal de atenção à saúde da criança: a busca da integração entre os serviços a partir de uma experiência acadêmica
Rosylaine Moura, Camila Mahle

Resumo


No Brasil a histórica segmentação dos serviços de saúde tem trazido sérias conseqüências, não só para a saúde financeira do sistema, mas, principalmente, para a saúde dos indivíduos que não têm suas necessidades integrais atendidas. Quando se refere à atenção às crianças hospitalizadas esta fragmentação se torna ainda mais cruel, produzindo diversos graus de sofrimento e até mesmo re-hospitalizações desnecessárias. A origem dessa problemática está tão enraizada no cotidiano dos serviços que o primeiro passo na tentativa de derrubar esses muros pode vir de fora, como neste caso, através da realização do trabalho de conclusão de curso de uma acadêmica de enfermagem, que baseada na metodologia da pesquisa convergente assistencial, se propôs a integrar os diversos atores e serviços envolvidos na assistência à saúde das crianças no município, tomando como ponto de partida o momento da hospitalização. Como os enfermeiros, no município em questão, estão à frente dos processos de gestão e de assistência nos três níveis de atenção, questionou-se primeiramente o entendimento dos mesmos a respeito das relações estabelecidas com os outros níveis do sistema na busca de um cuidado integral à criança e sua família. As respostas evidenciaram a necessidade urgente de aproximação e de uma efetiva comunicação entre os diversos pontos da rede. Num segundo momento provocou-se um encontro formal entre os gestores onde foram apresentados esses resultados, co-responsabilizando o grupo para uma tomada de decisão. Criou-se nesse encontro a semente do que passou a se chamar de rede municipal de atenção à saúde da criança. Como primeira definição o grupo de trabalho comprometeu-se em criar mecanismos para que toda a criança internada tenha no momento de sua alta a garantia de ter uma consulta pediátrica de revisão no período máximo de dez dias na sua unidade básica de referência. Para um olhar mais desatento, a implantação dessa estratégia parece simples, mas para que ela pudesse ser colocada em prática, muitos compromissos foram firmados. Os primeiros resultados são promissores, pois desde julho de 2010 quase a totalidade das crianças hospitalizadas no município estão sendo beneficiadas por essa prática, e o que é mais importante, o grupo de gestores foi sensibilizado e mantém-se mobilizado no enfrentamento de inúmeras outras barreiras que precisam ser transpostas para garantir à todas as crianças, independente de sua condição de saúde/doença, um cuidado efetivamente integral.