Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Extensão Universitária e Educação Popular: visitando o dizer e o fazer de estudantes do projeto VEPOP Extremo Sul
Isaquiel Macedo da Rosa, Maria Elisabeth Cestari

Resumo


Este é um estudo qualitativo, com abordagem exploratória, que teve como objetivo conhecer o processo de aprender e ensinar em educação popular, construído por estudantes de graduação durante o desenvolvimento de um projeto de extensão universitária. A pesquisa foi desenvolvida com seis estudantes (de diferentes áreas do conhecimento) que participaram do projeto VEPOP EXTREMO SUL - VER-SUS/EXTENSÃO: Vivências em Educação Popular no Extremo Sul do Brasil, na cidade de São José do Norte (RS). A produção dos dados foi realizada por meio da observação participante em 11 meses de trabalho em campo, resultando num total de 51 diários do pesquisador. Também foram considerados, como documentos para análise, os diários dos estudantes (236 no total). Os diários do pesquisador e dos estudantes foram analisados conforme orientação da hermenêutica-dialética. A partir da relação dos pressupostos da educação popular com o dizer e o fazer dos estudantes do projeto, foi possível conhecer como os estudantes compreendem a questão pedagógica e política da educação popular. Num primeiro momento, a reprodução da pedagogia dominante da maioria das instituições de ensino levou os estudantes ao encontro da concepção bancária da educação. Mas, com o aprofundamento teórico da educação popular e a continuidade do trabalho em comunidade, foi realizado um afastamento e crítica dessa concepção e uma aproximação com a práxis da educação popular. No que se refere aos estudantes da área da saúde, foi possível constatar uma crítica a tradição normativa e prescritiva da educação em saúde e a saúde passa a ser entendida como uma conquista da população em suas lutas cotidianas. A maioria dos estudantes convergiu propósitos individuais e sociais e, alguns, demonstraram a opção ética de denuncia da realidade opressora e anuncio de luta com os oprimidos. A extensão universitária em educação popular procurou rejeitar práticas assistencialistas e mercantilistas e focar sua ação numa proposta de emancipação das comunidades e da universidade. Na construção desse caminho, a extensão foi entendida como lócus de produção do conhecimento novo, capaz de transformar a própria sociedade.