Tamanho da fonte:
DESAFIOS EM SAÚDE DA FAMÍLIA PARA A IDENTIFICAÇÃO E O ACOLHIMENTO DE USUÁRIOS DE CRACK E OUTRAS DROGAS
Resumo
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A dependência química é um grave e complexo problema de saúde pública na atualidade; de etiologia multifatorial, provoca amplos e, até, irreversíveis danos neuro-psico-biológico-relacionais; gera altos custos socioeconômicos e fortemente ameaça valores políticos, humanos e culturais. A Saúde da Família, porta de entrada do usuário ao Sistema Único de Saúde, destaca-se como espaço para identificar/acolher casos de famílias com usuários de crack e outras drogas, para promover saúde, cuidado longitudinal e co-responsabilização junto aos serviços da rede de saúde para atenção integral e integrada ao problema. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Retrata-se a vivência de profissionais atuantes em uma Unidade de Saúde da Família situada em território marcado por elevada incidência de abuso de crack e outras drogas, na zona leste de Teresina-Piauí, a partir de agosto de 2009. Os usuários de crack e outras drogas no território de adscrição são identificados mediante visitas domiciliares, consultas por especialidades (médico, enfermeiro, odontólogo), relatos feitos por moradores aos Agentes Comunitários de Saúde. O processo de acolhimento aos usuários/famílias envolve consultas de rotina aos sujeitos, inserção/participação destes em grupos operativos na Unidade de Saúde, orientação sobre serviços da rede de saúde para atenção à dependência; acompanhamento longitudinal dos casos. EFEITOS ALCANÇADOS: Apesar da inicial dificuldade para adesão às iniciativas de acolhimento, nota-se expressiva participação dos usuários nos serviços da Unidade de Saúde; porém, comumente, sujeitos dependentes de crack mostram mais frágil vinculação, desistindo da continuidade. Essa conjuntura aponta que o fortalecimento de vínculos com familiares mostra-se estratégia essencial para sensibilizar o usuário à co-responsabilização pelo projeto terapêutico singular. RECOMENDAÇÕES: Identificar e acolher usuários de crack e outras drogas no contexto da Saúde da Família exige correlacionar à abordagem integral dos sujeitos, as perspectivas da territorialidade, articulação entre dispositivos/serviços da rede de saúde, intersetorialidade, parceria com familiares e educação em saúde. Logo, evidencia a relevância de ações de educação permanente em saúde aos profissionais, com vistas a favorecer o aprimoramento de habilidades técnicas para incrementar processos de trabalho/cuidado e da atenção humanizada, crítica e resolutiva – de forma a, efetivamente, realizar clínica ampliada.