Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Formação do enfermeiro no contexto da expansão do ensino superior e sua relação com as políticas de saúde
Ana Carolina Silva Martins, Kênia Lara Silva, Roseni Rosangela Sena, Kelciane Andrade, Marília Rezende

Resumo


Introdução: Este estudo partiu da indagação sobre a expansão do número de escolas de enfermagem no país. Por um lado, este fenômeno pode representar democratização do acesso ao ensino superior, maior disponibilidade de profissionais no mercado, com a qualidade necessária e com aderência às demandas de saúde da população. Por outro lado, a expansão do número de cursos pode estar ocorrendo sem estreita relação com as políticas de saúde, seja referente à qualidade e à quantidade dos profissionais requeridos para a consolidação do Sistema Único de Saúde. Objetivo: analisar a expansão dos cursos de enfermagem e as inter-relações com as políticas de saúde. Metodologia: Trata de um estudo de natureza qualitativa. O cenário do estudo foram 18 cursos de graduação em enfermagem no Estado de Minas Gerais. Os dados foram obtidos de grupos focais com professores e alunos em cada curso a partir dos quais foram construídas narrativas. Resultados: Indicam que a relação entre políticas de saúde e formação do enfermeiro é marcada por contradições. Há reconhecimento da necessidade da formação direcionada para as demandas do Sistema de Saúde, contudo houve dificuldade conceitual em relação às políticas de saúde e sua abordagem no ensino de enfermagem. Há indicativos que as escolas de enfermagem têm incorporado precocemente a temática da promoção da saúde e prevenção de agravos como componentes da formação do enfermeiro o que pode contribuir para a transformação dos modelos de atenção vigentes. Contudo, as narrativas indicaram a perspectiva de professores e alunos sobre o sistema de saúde numa visão idealizada e com dificuldades de reconhecer o seu processo de construção histórica, apontando um descompasso entre o desejável e o real. Foi possivel analisar um sentimento de frustração e em alguns casos “desmobilização” de professores e alunos em mudar a realidade do Sistema de Saúde, prevalencendo nas narrativas a afirmação de que a Escola ensina o SUS ideal e que os alunos se deparam, nos serviços, com o SUS real, que não funciona. Conclusão: As mudanças na formação em saúde no país, com maior aproximação teoria e prática, ainda não foram capazes de alterar a lógica da formação do enfermeiro, tornando-a mais adequada para a compreensão do Sistema de saúde em seus limites e desafios. Com isso, o SUS real é um espaço de confronto da teoria com a prática, que deve ser trabalhada na formação do enfermeiro, potencializando o papel transformador dos alunos como sujeitos de mudança.