Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Desafios relacionados ao abandono do acompanhamento ambulatorial em serviços de saúde - A voz do paciente com HIV/AIDS reconstruindo seus itinerários terapêuticos.
Marilza Emilia Conceição, Ivia Maksud

Resumo


A inspiração para realização deste estudo partiu da observação no ambulatório de HIV/AIDS da Policlínica Antônio Ribeiro Netto, de pacientes que abandonam o acompanhamento ambulatorial, em diferentes períodos, não retornando ao serviço, inviabilizando a continuidade da assistência a sua saúde. O enfrentamento desta realidade motivou a elaboração de Projeto de Pesquisa intitulado “Desafios relacionados ao abandono do acompanhamento ambulatorial em serviços de saúde – A voz do paciente com HIV/AIDS reconstruindo seus itinerários terapêuticos”, que intenciona compreender como o paciente percebe, entende e significam a experiência do abandono do acompanhamento ambulatorial, as repercussões em sua vida, bem como o modo como os serviços de saúde disponibilizam o cuidado as suas necessidades e como o serviço de saúde se organiza e atua para enfrentar o abandono do paciente ao acompanhamento ambulatorial. Trata-se de estudo qualitativo, sob a luz do itinerário terapêutico busca descrever e analisar a trajetória do paciente desde a sua inserção num sistema de cuidados em saúde até sua decisão de abandoná-lo. A coleta de dados privilegia a observação participante e a entrevista semiestruturada com pacientes com HIV/AIDS que abandonaram o acompanhamento ambulatorial e o serviço de saúde. Os dados preliminares colhidos no campo de pesquisa apontam que o paciente tem dificuldades de dialogar e ser escutado dentro do serviço de saúde, dando pistas da precariedade do vinculo construído entre paciente e profissional de saúde. A pesquisa está em andamento e os dados coletados já evidenciam que esta discussão favorece a construção de proposta de intervenção que contribua para melhoria da adesão do paciente ao acompanhamento ambulatorial do HIV/AIDS, mas também oportuniza atualizar um cenário que geralmente se apresenta com numerosas informações desatualizadas e pulverizadas, o que faz com que os profissionais de saúde não consigam expressar no cotidiano de trabalho estratégias para o enfrentamento do abandono de pacientes ao acompanhamento ambulatorial. Concluímos também, que o itinerário terapêutico pode se constituir numa ferramenta importante para construir modos de cuidar em saúde que levem em consideração o significado que as pessoas atribuem as suas experiências de vida.