Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Desenvolvimento de uma estratégia sócioeducativa em sala de espera de um hospital público.
Lucia Maria Pereira de Oliveira

Resumo


A infecção pelo Papiloma vírus humano (HPV) é uma doença sexualmente transmitida e sua gravidade está em ser causa necessária para o desenvolvimento do câncer de colo de útero e gerar sérios distúrbios emocionais na mulher. Estudos apontam a falta de conhecimento da população feminina sobre o HPV como um dos fatores para a elevada incidência de mortalidade por esta neoplasia. Este relato gerou o desejo de desenvolver uma estratégia socioeducativa com mulheres portadoras do papilomavirus, a fim de minorar seu quadro de saúde biopsicossocial, prevenir o câncer de colo de útero e promover a saúde. Assim sendo, com base na pesquisa qualitativa de cunho etnográfico optou-se pelo uso na etapa investigativa, de questionários com profissionais de saúde e de entrevistas semi-estruturada com pacientes. Com isso, buscou-se subsídios necessários para conhecer o grupo de estudo e colher dados para o desenvolvimento de estratégia socioeducativa em espaço não formal de ensino, ou seja, o local de espera de um ambulatório de ginecologia de um hospital público. Posteriormente, a análise interpretativa dos dados revelou um grupo de profissionais de saúde preocupado com o ser doente, porém ainda compromissados com os ideais tecnicista que enfatizam, em primeiro plano, os aspectos evolutivos da doença. Em relação as pacientes percebeu-se um baixo nível de escolaridade e convicções erradas sobre o HPV, e graves carências pela suspeita de traição e pelo medo de desenvolvimento do câncer. Percebeu-se que as conversações desenvolvidas em sala de espera contribuíram para o agravamento do estado de saúde dessas pacientes. Assim, identificou-se este local de espera como sustentador de graves carências emocionais nestas mulheres. A partir do desenvolvimento da estratégia socioeducativa com base na teoria freireana obteve-se a transformação de um local de espera, antes desfavorável a Política Nacional de Humanização (PNH) em saúde, em um ambiente de acolhimento, interativo e dialógico favorável à promoção da saúde. Através da articulação entre o cognitivo, o afetivo e o social, fatores essenciais para o enfrentamento desse vírus e à prevenção do câncer de útero, estimulou-se nessas pacientes, um diferente olhar sobre o seu problema de saúde. Desta forma, percebeu-se um grupo de mulheres, antes submissa a sentimentos negativos, agora envolvido pela busca de conhecimentos, essenciais a melhoria do estado de saúde biopsicossocial e a adesão ao tratamento. Com base nestes resultados considerou-se a sala de espera como um espaço de educação não formal ideal para ações de educação e saúde tendo em vista a autonomia crítica e reflexiva adotada pela cliente numa ação conjunta de prevenção e promoção da saúde afinadas com a PNH da saúde vigente.