Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Formação médica: nova experiência no Internato em Saúde Coletiva.
Themis Xavier de Albuquerque Pinheiro

Resumo


Caracterização do problema: O internato em saúde coletiva é um dos estágios que compõe a fase final de formação dos médicos na UFRN. A cada semestre a turma do nono período é dividida em três para uma inserção de sete semanas (cada turma) no âmbito da Saúde Coletiva, na Atenção Básica de Saúde/Estratégia de Saúde da Família (ESF). Nos últimos anos, foi sendo detectada a necessidade de promover inovações que dinamizassem o projeto pedagógico do Internato que vinha sendo pautado em: um diagnóstico loco-regional; na observação dos serviços; e na participação dos alunos nas atividades da rotina das Unidades Básicas de Saúde. Ao final do período as turmas apresentavam projetos de intervenção resultantes de problemas que identificaram e em relação aos quais desenvolveram alguma ação. Em que pese boas avaliações havidas com esta experiência, verificava-se desmotivação dos alunos e aspiração dos professores por renovar o Internato criando possibilidades e estratégias para uma penetração maior dos doutorandos na atenção ao indivíduo/família/coletivo que constitui o campo da Saúde Coletiva. Descrição da experiência: Os professores do Internato de Saúde Coletiva compõem um grupo multiprofissional com formação em medicina, odontologia, enfermagem, fisioterapia e administração, todos com mestrado e/ou doutorado em saúde coletiva. No mês de janeiro de 2011 tal grupo desencadeou um processo de discussão para criação de uma nova proposta técnica-pedagógica. A princípio, algumas idéias balizadoras e pressupostos metodológicos consistiram: na inserção do aluno no campo das necessidades sociais de saúde das comunidades atendidas pelas ESF ancorada na reflexão e na crítica; no olhar local sem perder de vista as conexões com o mundo; na perspectiva de compreensão de que são sujeitos das ações de saúde, entre outros, postos diante dos desafios práticos de responderem às necessidades da atenção à saúde, com autonomia e responsabilidade mútua, dentro das possibilidades no contexto. Desta forma seria possível aprimorar a capacidade de intervenção no cuidado em saúde compreendida como esforço reconstrutivo, coletivo, das equipes e, e no plano da relação interpessoal, entre profissionais e usuários. Outra idéia balizadora referiu-se a importância da clínica e sua abordagem no Internato de Saúde Coletiva. Tratando das competências e habilidades a serem desenvolvidas, e dos conteúdos a serem trabalhados, surgiram proposições de sete “vivências” correspondentes às sete semanas do Internato. Cada “vivência” implicaria em uma (ou mais de uma) ação/produto a ser desenvolvida e apresentada para debate na semana seguinte. Antecedendo à vivência uma aula dialogada sobre o tema respectivo constaria da programação. Na sequencia apresenta-se as vivências: vivência 1: acolhimento; vivência 2, territorialização; vivência 3, visita domiciliar; vivência 4, controle social; vivência 5, planejamento e promoção da saúde; vivência 6, vigilância em saúde; vivência 7, projeto/relatório de intervenção. Efeitos alcançados: Após dois semestres de experimentação da nova proposta técnica-pedagógica do Internato, que corresponde a seis vezes a aplicação das vivencias verificou-se uma unanimidade quanto à aprovação pelos alunos. Os depoimentos referem-se a superação das expectativas. Informam que tiveram oportunidades de inserção nunca antes vivenciadas, que possibilitaram perceber, sentir o que é trabalhar na ESF, na rede de serviços de saúde municipal, com suas limitações e potencialidades. Outros depoimentos revelam alguns efeitos produzidos: “A proximidade que pudemos ter com a esfera administrativa do município nos fez sentir como profissionais reais de áreas de atuação” (Emilly de Oliveira, turma 2011.2). “Aprendi que médicos são cientistas sociais e educadores... Não podemos ser apenas técnicos prescritores de medicamentos” (Paulo Tarcísio, doutorando na ESF Mangabeira, turma 2011.1).