Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Formação na rede SUS: a equipe preceptora como elemento chave no processo de ensino-aprendizagem.
Elisete Casotti, Mônica Gouvêa, Michelle Cecille

Resumo


A disciplina de Odontologia Social e Preventiva VI, da Universidade Federal Fluminense, a fim de proporcionar discussão no campo das políticas públicas e constituir espaço de prática no SUS, organizou as atividades de trabalho de campo (TC) na rede municipal de saúde de Niterói, envolvendo docentes, alunos e equipes do Programa Médico de Família (PMF). O presente trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia, identificando a natureza das contribuições da academia e da equipe preceptora para a formação do profissional de saúde. No planejamento, a escolha e o posterior desenvolvimento do TC nos módulos, pressupõe a concordância e o interesse da equipe (médico e técnico de enfermagem) em acompanhar um grupo de alunos com professor. Assim que essa definição acontece, os professores se reúnem com os profissionais para conversar sobre quais os cenários de prática potenciais naquele momento. Antes do desenvolvimento de uma atividade específica pelos alunos, há a apresentação do processo de trabalho e o reconhecimento do território adscrito. A partir daí, uma linha de ação é escolhida e um diagnóstico sistemático da situação iniciado: seja ele familiar ou de um grupo, sempre com a equipe. No caso da escolha de uma família, são realizadas visitas domiciliares, estudo do cadastro familiar e dos prontuários individuais. As necessidades de saúde são identificadas e discutidas, segundo a taxonomia proposta por Cecílio& Matsuto (2006). Quando necessário, são mobilizadas novas fontes de informação e aos poucos constituída uma história mais rica e consistente. Essa etapa é fundamental para exercitar a realização de um diagnóstico ampliado e a identificação do que pode ser problema de saúde. Normalmente, esse é um espaço de crítica à prática tradicional, baseada na lógica da queixa-conduta. Para os alunos de odontologia essa experiência é desafiadora e para a equipe uma oportunidade, em meio às pressões cotidianas por atendimento, de refletir sobre a clínica necessária para aquela situação. Na etapa seguinte, a reflexão e a sistematização de um projeto terapêutico conjunto, com o posterior recorte para a definição de um plano de intervenção factível, une a equipe e os alunos numa solidariedade responsável por um desfecho realista. O compromisso das equipes pelo cuidado longitudinal, gera nos alunos, por menor que tenha sido a intervenção, um sentimento de ter participado de um processo que não se encerra naquele momento.