Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Diferenciais em saúde: acidentes de trabalho graves segundo variável raça/cor
Ionara Magalhães de Souza, Ana Cláudia Conceição da Silva, Thalles da Costa Lobê Pereira, Ana Vírginia Caminha Raposo, Edna Maria de Araújo

Resumo


Introdução: No Brasil, as estatísticas sociais revelam que a população negra apresenta os piores indicadores sociais. Os acidentes de trabalho graves - AT implicam em comprometimento extremamente sério, podem ter consequências fatais, constituindo em problema de saúde pública. Curiosamente, a população negra apresenta maior vulnerabilidade quanto à incidência de acidentes de trabalho grave. Objetivo: Caracterizar e descrever os AT segundo raça/cor, registrados na região econômica do Sudoeste da Bahia, 2007 a 2010. Método: Estudo descritivo, realizado com dados disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET) por meio do aplicativo TABWIN/DATASUS. Utilizou-se as variáveis: raça-cor, sexo, escolaridade, faixa etária, tipo de acidente, ano de notificação, emissão de Comunicação de Acidentes de Trabalho-CAT, situação no mercado de trabalho, regime de tratamento e a evolução do caso. As variáveis foram descritas através de frequências absolutas e relativas. Resultados: Foram analisados 39 municípios. De modo correspondente aos achados na literatura, os acidentes de trabalho geralmente são evitáveis e afetam mais indivíduos em idade produtiva. Os AT graves totalizaram 136 casos, dos quais, 98 (81,7%), registrados na raça-cor preta/parda em todas as categorias sociodemográficas e de agravo: sexo masculino (85,7%), faixa etária de “25 a 34 anos” (29,6%), “5ª a 8ª série” (24,7%), ano de 2010 (62,3%), acidente típico (75,3%) e de trajeto (24,7%), emissão de comunicação de acidente de trabalho (52,0%), empregado registrado (50,6%), e evolução para incapacidade temporária (57,6%). Conclusão: A incidência de acidentes de trabalho graves apresentados segundo a raça-cor preta/parda na região sudoeste da Bahia reflete a violência, a precariedade das condições de trabalho e a insuficiente efetividade da regulamentação dos ambientes de trabalho, além de um desajustamento da saúde pública no campo da saúde do trabalhador. Propõe-se incentivo à implantação de programas de prevenção, maior participação e controle social quanto às políticas públicas, maiores investimentos na qualificação e harmonização dos sistemas de informação disponibilizados, avanços em pesquisa no comportamento dos coeficientes e índices de subregistros, visibilidade aos fatores de risco e determinantes dos acidentes de trabalho com vistas à saúde do trabalhador e equidade em saúde.