Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Direito Humano à Atenção Integral em Oncologia: determinantes sociais no adoecimento por câncer do colo do útero no Brasil
Letícia Batista Silva, Ana Claudia Correia Nogueira

Resumo


Este trabalho apresenta dados preliminares do projeto de pesquisa intitulado Determinantes Sociais do Adoecimento por Câncer do Colo do Útero que está em andamento e propõe fomentar reflexões acerca da compreensão da vulnerabilidade e dos determinantes sociais do processo saúde-doença em tempos de necessária consolidação do sistema público de saúde no Brasil. Este projeto reitera a perspectiva do direito humano à saúde integral, saúde como política pública e não como mercadoria, produto ou alvo de ações de caridade e voluntarismos. Os sujeitos pesquisados são mulheres com diagnóstico de câncer do colo do útero em atendimento no Hospital do Câncer II do Instituto Nacional de Câncer situado na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O período total da pesquisa é de fevereiro de 2011 a agosto de 2012. De acordo com dados do INCA, o câncer do colo do útero é responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano no país. Estudos apontam que, em países centrais, a sobrevida média estimada em cinco anos varia de 51% a 66%. Já nos paises periféricos, onde os casos são encontrados em estádios relativamente avançados e, consequentemente, a sobrevida média é menor, cerca de 41% após cinco anos. No Brasil, o câncer do colo do útero é o segundo mais comum entre a população feminina, sendo superado apenas pelo de câncer de mama. As questões universais e macro estruturais que atravessam o processo de diagnóstico e tratamento oncológico perpassam as histórias de vida dessas mulheres. Expressam as refrações da questão social implícitas no contexto da totalidade, tendo em vista a característica de desigualdade social presente na sociedade capitalista contemporânea. Esta pesquisa busca o desvelamento, sob análise crítica, das condições objetivas e materiais que essas mulheres tiveram durante a vida até o momento do adoecimento, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. O estudo aponta desafios no sentido da garantia das mínimas condições para o diagnóstico precoce do câncer, da universalização efetiva dos tratamentos no Sistema Único de Saúde e universalização da proteção social nos marcos da Seguridade Social.