Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Do PACS ao PSF: o que mudou na prática dos agentes comunitários de saúde?
Pryscila Araújo Goes, Maísa Paulino Rodrigues, Kênio Costa Lima, Sânzia Iglésias Barbosa, Vilani de Araújo Nunes, Eliane Feitosa C. de Almeida, Pedro Henrique Sette de Souza

Resumo


Introdução: Até meados de 1991, as tímidas ações na Saúde Pública surtiam pouco efeito, refletindo em indicadores de morbimortalidade materno-infantis ainda elevados. Essa realidade impulsionou o Ministério da Saúde a lançar, em âmbito nacional, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), como parte do processo de construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Natal a aceleração da implantação das equipes de Saúde da Família não ocorreu de forma diferente do restante do país. Partindo do pressuposto de que os ACS tiveram oportunidade de ampliar seus conhecimentos após ingressarem no Programa Saúde da Família (PSF), resolveu-se investigar se ocorreram mudanças significativas na prática destes profissionais e, em caso afirmativo, a que se deveram tais mudanças. Objetivo: analisar as mudanças ocorridas na prática dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) oriundos do PACS e inseridos no PSF de Natal há pelo menos cinco anos. Métodos: Trata-se de um estudo de natureza exploratória e descritivo. Analisou-se a auto-percepção do ACS em relação à efetividade de sua prática e aos fatores associados a esta. Foram aplicados 185 questionários, contemplando 90% dos ACS, buscando-se associações com as variáveis: faixa etária, sexo, grau de instrução, ocorrência de capacitação, local de trabalho, local de residência, experiência anteriores com trabalho comunitário em saúde e com movimentos sociais. Os dados foram analisados pela estatística descritiva e pelo teste estatístico do Qui-quadrado para um nível de significância de 5%. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes sob o nº 563/2011. Resultados: Os resultados demonstram que 91,7% dos ACS avaliaram ter ocorrido mudanças significativas na sua prática após sua inserção no PSF e que essas mudanças foram potencializadas pelas experiências antecedentes com movimentos sociais e atividades comunitárias relacionadas à saúde. Apontaram também a sua motivação pessoal para o trabalho no PSF, a capacitação e supervisão oferecida pelos gestores e o trabalho em equipe multiprofissional revertendo-se em ações efetivas para os usuários do SUS. Conclusão: este estudo pode constatar que houve mudanças significativas na prática do ACS após sua inserção no PSF de Natal e que essas mudanças deveram-se principalmente a sua motivação para o trabalho. Faz-se nítida, portanto, a contribuição do ACS e da estratégia Saúde da Família para a promoção do cuidado em saúde.