Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Drogadição e Acolhimento Institucional: Uma Intervenção Multidisciplinar.
Maria Cecilia Olivio, Vanessa Vargas Bober, Maria José G. Camargo

Resumo


A dependência química atualmente transformou-se num assunto de interesse mundial. A falta de compreensão e discussão sobre esta temática estrutura serviços especializados e ramificados para tratar de uma problemática complexa e contraditória. Ao abordar especificamente a drogadição em mulheres observa-se um distanciamento da realidade, caracterizada pela restrição de pesquisas e publicações científicas sobre esta e serviços não capacitados para lidar com a saúde mental da mulher. Desta maneira, há uma tendência, recomendada pela Organização Mundial de Saúde e firmada pela Política Nacional sobre Drogas, para ações multi e interdisciplinares, nas diferentes instituições, com a finalidade de direcionar os diversos olhares e saberes para a multiplicidade individual, social, cultural e fisiológica da farmacodependência. O presente estudo traz o relato de experiência das profissionais do Serviço Social e Terapia Ocupacional com uma usuária do serviço da maternidade de um hospital escola, dependente química, no período da gestação e puerpério, até o acolhimento institucional do recém nascido. O acolhimento institucional, previsto na Lei 8069/, é uma medida protetiva de caráter temporário e excepcional. No Hospital Escola Maternidade o acolhimento institucional pode ocorrer logo após o nascimento, em situações de alta vulnerabilidade e risco ao recém-nascido, conforme o art. 98 da referida lei. Os atendimentos pelo Serviço Social e pela Terapia Ocupacional iniciaram em outubro de 2011, com a entrada da gestante no serviço de pré-natal. As intervenções respeitavam as especificidades profissionais, entretanto, objetivos comuns, no que se referem ao atendimento qualificado no processo de saúde, demandaram o planejamento de ações conjuntas. Esse processo, comparado a outros já vivenciados pelas profissionais deste serviço, caracterizou-se por aspectos humanizados potencializando a participação ativa da usuária em seu novo cotidiano, mensurado pelas respostas desta no pós-alta, com a possibilidade do resgate da autonomia, organização da rotina diária e empoderamento da cidadania. Diante da análise desta intervenção visualiza-se a necessidade de aproximação de outros profissionais da equipe de saúde, com o objetivo de sistematizar uma intervenção que respeite a individualidade dos sujeitos e possibilidade da construção de um projeto terapêutico singular, reforçando a participação das usuárias neste processo de saúde, educação e participação na vida.