Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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INCLUSÃO DIGITAL NA ESP: uma realidade de educação continuada para trabalhadores do SUS e comunidade.
Alexandre Gamba Menezes

Resumo


INCLUSÃO DIGITAL NA ESP: uma realidade de educação continuada para trabalhadores do SUS e comunidade.INTRODUÇÃO. A sociedade da informação deve contribuir, de forma inequívoca, para melhorar qualidade de vida e bem estar de todos os cidadãos.A Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul por Meio da Escola Técnica do Sistema de Único Saúde esta promovendo cursos de inclusão digital para funcionários do SUS e comunidade em geral. A consideração em particular pelas pessoas idosas, com baixa instrução e com problemas sociais não representa apenas uma questão de solidariedade, é um aspecto estratégico da evolução para uma sociedade onde todos poderão participar de acordo com suas características.Uma das maneiras de se reduzir os custos de desenvolvimento de produtos adequados para pessoas com deficiência, idosos ou culturalmente excluídos, consiste na aplicação do conceito de Projetar Para Todos ("Universal Design"). Esta abordagem fundamenta-se na concepção e desenvolvimento de serviços, produtos e tecnologias passíveis de serem utilizados pelo maior número possível de usuários, sem necessidade de adaptações a situações específicas.No Brasil chamamos Inclusão Digital ou infoinclusão o processo de democratização do acesso às tecnologias da Informação, de forma a permitir a inserção de todos na sociedade da informação. Passou-se a utilizar a inclusão digital também para simplificar a rotina diária, maximizar o tempo e as potencialidades. Desta forma, um incluído digitalmente não é aquele que apenas utiliza essa nova linguagem, que é o mundo digital, para trocar e-mails, mas aquele que usufrui desse suporte para melhorar as suas condições de vida, trabalho e lazer. A Inclusão Digital, para acontecer, precisa de três instrumentos básicos que são: computador, acesso à rede, o domínio dessas ferramentas Isso por que não basta apenas o cidadão possuir um computador conectado à internet que iremos considerar ele, um incluído digitalmente. Ele precisa saber o que fazer com essas ferramentas.Para facilitar a compreensão do conceito foram lançadas estratégias inclusivas do tipo projetos e ações públicas e privadas que facilitam o acesso de pessoas de baixa renda às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A inclusão digital volta-se também para o desenvolvimento de tecnologias que ampliem a acessibilidade para usuários com deficiência. Segundo FREIRE (2004) a inclusão digital insere-se no movimento maior de inclusão social, um dos grandes objetivos compartilhados por diversos governos ao redor do mundo nas últimas décadas. Dessa forma, toda a sociedade pode ter acesso a informações disponíveis na Internet, e assim produzir e disseminar conhecimento. Dois novos conceitos são incorporados as políticas de inclusão digital: a acessibilidade de todos às TIs, neste caso, não somente a população deficiente; e a competência de uso das tecnologias na sociedade da informação. Desta forma lança-se um novo conceito: desinclusão Digital. Dentro dessa perspectiva o Brasil vem buscando desenvolver ações diversas, visando à inclusão digital como parte da visão de sociedade inclusiva. Desde que entrou em prática, no final de novembro de 2005, o projeto de inclusão digital do governo federal, Computador para Todos - Projeto Cidadão Conectado registrou mais de 19 mil máquinas financiadas até meados de janeiro. Relembrando dados do Projeto, pouco menos de 2% da meta do programa foi atingido, se levarmos em conta apenas os dados de financiamento, que é vender um milhão de máquinas para consumidores com renda entre três e sete salários mínimos nos próximos 12 meses. Os dados de financiamento são da Caixa Econômica Federal, que financiou 1.181 equipamentos. O Magazine Luiza, único varejista que obteve uma linha de crédito do BNDES, parcelou 18.186 computadores. Os computadores possuíam sistema operacional Linux e um conjunto de softwares livres com 26 aplicativos, como editor de texto, aplicações gráficas e antivírus. Além disso, suporte técnico durante um ano e atualizações gratuitas e periódicas. Sendo que o Brasil contou com um recurso total de 250 milhões de reais, provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O financiamento do Computador para Todos pode ser feito pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, além de redes varejistas, que têm se cadastrado junto a uma linha especial de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No sentido de somar os esforços de "inclusão digital", outros públicos também compõem o alvo deste projeto: idosos, pessoas com deficiência, população de zonas de difícil acesso, dentre outros. A idéia é que as Tecnologias da Informação vieram para ficar e, no futuro, quem não estiver "incluído digitalmente" viverá sob uma limitação social importante, perdendo inclusive direitos garantidos à cidadania, aliado a isto existe a necessidade do acesso pleno à educação. Segundo dados disponíveis no BRASIL (2010) fornecidos pelo Secretário de Logística e TI do Ministério da Fazenda, Rogério Santanna, existem 6.000 telecentros em funcionamento no Brasil. Entretanto, estas unidades, criadas em 2005 pelo poder público para fomentar o acesso à Internet, caminham na contramão dos pontos de acesso à Rede Mundial que não param de crescer. Em 2007, os telecentros foram responsáveis por 6% dos acessos no país, o que revelou um crescimento de 100% em relação a 2006. Mas em 2008 este número caiu pela metade e ficou em 3%, segundo dados do TIC Domícilios 2009. Em julho de 2003, quando foram estabelecidas parcerias entre órgãos do Governo Federal – Ministério das Comunicações, do Planejamento, da Educação, da Defesa e Instituto de Tecnologia da Informação, teve início o Programa GESAC – Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão. No Brasil, existem atualmente 3.200 pontos de presença instalados em mais de 2.500 municípios, permitindo que cerca de 28 mil computadores estejam em rede e conectados à Internet. O Programa tem o objetivo de promover a inclusão digital como alavanca para o desenvolvimento auto-sustentável e promoção da cidadania, principalmente de pessoas que não teriam condições de acesso aos serviços de informação. Esse Programa permite o acesso a Internet em alta velocidade (via satélite) funcionando em escolas, unidades militares e telecentros.No Rio Grande do Sul tem-se a iniciativa inclusiva do Programa Sinergia Digital, criado e mantido pela PUCRS. Atende crianças, adolescentes e adultos, incluindo a chamada terceira idade, buscando uma formação integral do aluno. Os adolescentes de vilas carentes em torno da PUC recebem cerca de 70 horas de aula de informática e mais 30 horas de atividades esportivas, culturais e sociais. As turmas têm acompanhamento sócio-educativo (por acadêmicos de Graduação), palestras e dinâmicas de grupo. As aulas são realizadas no mesmo laboratório de informática que atende alunos de graduação e pós-graduação. Na Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul (ESP) desde 2004 intenta-se a criação de um laboratório de informática com aceso a internet para propiciar cursos de inclusão digital, cursos de informática básica, atividades de ensino-pesquisa e videoconferências para todos os públicos atendidos pela Instituição. A Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul após inúmeras tentativas de efetivar o sonho do laboratório de informática teve seu intento realizado através da Criação da Escola Técnica do Sistema Único de Saúde (ETSUS/RS). Essa, em sua concepção estruturante disponibilizava através de recursos provenientes do governo federal a aquisição se equipamentos e mobiliários para efetivar um laboratório de informática com acesso a internet. OBJETIVOS. Os objetivos que nortearam o I Curso de Inclusão Digital na ESP foram: Contribuir para a sensibilização sobre o uso das TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação – com foco na inclusão social.Contribuir para a divulgação, adoção e avaliação de políticas e programas de integração, das pessoas com eficiência, mobilidade reduzida ou idosas, de maneira que os mesmos possam usufruir as potencialidades das TIC. Apoiar e divulgar o ensino, pesquisa, desenvolvimento inclusivo de tecnologias, produtos, sistemas e serviços. Propiciar a melhoria das ações de saúde desenvolvidas por trabalhadores do SUS. METODO. O Curso de Inclusão Digital está sendo oferecido complementarmente ao Curso de Informática Básica ministrado na ETSUS/RS por docentes especialistas em Saúde Pública com graduação em Ciências da Informação. A duração deste Curso é de 8h, sendo as aulas distribuídas em 8 dias, uma hora por dia. São usados métodos didático-pedagógicos expositivos (apostilas e manuais) e todos os equipamentos de acesso a internet disponível no laboratório de informática da ETSUS/RS para as aulas. Essas aulas são diárias e capacitarão os alunos a acessar e trocar informações sociais, de saúde e de novas tecnologias. Bem como, o uso de softwares e aplicativos que constituam ferramentas de trabalho diárias conforme as demandas dos trabalhadores de saúde. A população de alunos do Curso é composta por profissionais que atuam na área da saúde, profissionais da área administrativa do SUS e de logística e pessoas da comunidade vizinha da ETSUS. As aulas do curso de inclusão digital possuem a seguinte sistemática: Apresentação do conteúdo programático da aula através de apostila especialmente desenvolvida pela equipe pedagógica da ETSUS, Atividades práticas realizadas sob a forma de exercícios práticos em softwares disponíveis no laboratório de informática, Avaliação das atividades pela equipe docente e pelos alunos. As avaliações visam aprimorar a qualidade do curso e mensurar o nível de aprendizado dos alunos, bem como suas dificuldades individuais e problemáticas no uso das ferramentas digitais. O tratamento das respostas será expresso qualitativamente baseando-se no material recolhido sob a forma de exercícios e na opinião dos alunos formalizada verbalmente pelos alunos e transcrita mantendo a verbalização original preservando suas identidades. RESULTADOS. O I Curso de Inclusão Digital da ESP teve como objeto principal propiciar ao seu público alvo o aprendizado de ferramentas de inclusão digital sensibilizando-os para usar o acesso a rede como forma de inclusão social. O resultado obtido foi melhor que o esperado; pois, todos os alunos aprenderam não só a usar as ferramentas digitais de acesso a internet como também descobriu como usar a grande rede como forma de criar laços sociais. Isso fica confirmado nos depoimentos que seguem: Trabalhar com o computador era algo que me incomodava, pois eu não dominava ainda o equipamento, me sentia incapaz de me comunicar por ele. No decorrer do curso fui me adaptando ao eletrodoméstico e hoje vejo que os recursos tecnológicos podem e devem ser utilizados de forma eficaz e prazerosa. Aprendemos a falar com outras pessoas pelo computador e a achar velhos amigos que não temos tempo de visitar pessoalmente. Outro objetivo atingido foi à divulgação, adoção e avaliação de políticas e programas de integração, das pessoas com eficiência, mobilidade reduzida ou idosas, de maneira que os mesmos possam usufruir as potencialidades das TIC. Este foi plenamente verificado quando nas aulas os alunos idosos e com deficiências terminaram a execução dos exercícios e ainda auxiliaram os demais na consecução das tarefas da aula. Uma curiosidade muito interessante detectada foi quanto à implementação das atividades que objetivavam apoiar e divulgar o ensino, pesquisa, desenvolvimento inclusivo de tecnologias, produtos, sistemas e serviços. Nestas atividades os alunos descobriram fontes de informação e de educação virtual como cursos via EAD, videoconferência e ferramentas sociais como a rede ORKUT. Como fica explicito através de depoimento a seguir: Bah, depois de ver o cara na internet fazendo aquele datashow funcionar descobri como é fácil e pude ajudar o pessoal La do trabalho a ligar o equipamento para uma demonstração do SUS. No entanto o objetivo de propiciar a melhoria das ações de saúde desenvolvidas por trabalhadores do SUS, somente foi verificado quando alguns trabalhadores informaram verbalmente que conseguiram melhorar suas atividades laborais diárias e até renderam mais em suas produtividades. Sendo que em especial obteve-se a informação de que um gestor estava dando uma ajuda de transporte pra o aluno tendo em vista a importância do curso como forma de treinamento para o profissional. CONCLUSÃO. A utilização de computadores como ferramenta de inclusão social é fato recente. Em muitas escolas públicas esta realidade está longe de acontecer. Há várias vantagens em se concentrar o trabalho de Inclusão Digital na ESP e comunidade, evitando que quem tenha acesso a Instituição ainda seja considerado digitalmente excluído. Eis duas das principais: A maior parte das Instituições hoje já fornece a seus alunos acesso à tecnologia digital, pois possui computadores, softwares e acesso à Internet - o primeiro componente da Inclusão Digital estando, portanto, atendido nelas (embora o tempo de acesso à tecnologia pelos alunos seja terrivelmente restringido pela razão número de alunos / número de máquinas disponíveis, que precisa claramente ser melhorada - isto é, diminuída). Logo, qualquer programa de Inclusão Digital através de uma Instituição deve explorar as formas em que a tecnologia pode ajudar os alunos e a comunidade a aprender melhor - aprender, no caso, sendo entendido como se tornar capaz de fazer aquilo que, antes, não se era capaz de fazer, e pressupondo-se que, dado o tempo relativamente exíguo que o cidadão brasileiro passam numa instituição, que se dará foco aos aprenderes realmente importantes para a vida. O curso de inclusão digital propiciou a articulação da tecnologia, cultura, educação e saúde para promover mudanças e desenvolvimento social em seus participantes; pois, proporcionou aliar seus cotidianos a uma nova forma de comunicação social: a internet. O parecer dos docentes apontou algumas demandas de melhoria no curso do tipo carga horária, monitores e acompanhamento; isso motivou a qualificar este curso e instituí-lo como curso regular na Instituição. E desta forma, cumprir uma das mais árduas tarefas de uma Escola a de tornar seus alunos cidadãos capazes de usufruir novas tecnologias para aumentar suas redes sociais.