Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: DISTÂNCIA ENTRE O QUE SE PROPÕE E O QUE É IMPLEMENTADO NO NÍVEL LOCAL
Livia Angeli Silva, Cezar Augusto Casotti, Luciano Rodrigues Reis

Resumo


A Educação Permanente em Saúde (EPS) se constitui um dos pilares para a reorientação das ações da atenção primária a saúde. Como componente da formação do profissional de saúde, traz como inovação a utilização dos próprios serviços de saúde como cenário do processo de aprendizagem. Neste contexto ela se constitui numa via de mão dupla na qual o serviço contribui com a formação, enquanto as práticas desenvolvidas nesse processo contribuem para a melhoria da qualidade dos serviços. O objetivo deste estudo foi conhecer a gestão e o trabalho da Estratégia Saúde da Família (ESF) no contexto da EPS em municípios de pequeno porte. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado em três municípios de pequeno porte do semi-árido do Estado da Bahia. Foram entrevistados gestores e trabalhadores da ESF. Verificou-se baixa capacitação dos profissionais para atuação na ESF e por parte dos gestores, no que tange a formulação de políticas e domínio dos instrumentos de gestão. Os dois segmentos possuem pouco domínio da epidemiologia e conceitos básicos do campo da saúde coletiva. Faltam evidências de propostas de EPS no âmbito municipal e iniciativas de levantamento de necessidades de ações educativas. Os profissionais da ESF ainda confundem o conceito de EPS, uma vez que a consideram como treinamentos, capacitações e educação continuada realizada fora do cenário onde atuam. As atividades educativas desenvolvidas são verticalizadas e oriundas das demais esferas de governo. São realizadas fora do município e não consideram as necessidades dos usuários. Percebeu-se que as ações educativas voltadas para os usuários são orientadas por datas comemorativas e ações programáticas com predomínio da pedagogia tradicional. Os profissionais e gestores não reconhecem os serviços como cenário de ensino-aprendizagem. Não foram verificadas iniciativas de valorização dos recursos locais disponíveis, bem como protagonismo por parte dos profissionais, visto que assumem uma postura passiva diante da não existência de EPS. A distância do município às instituições de ensino na área de saúde e a localização geográfica destes, dificultam o estabelecimento de parcerias, dificuldade que fica ainda mais potencializada pelo baixo grau de organização da sociedade local. As ações de EPS encontram obstáculos que envolvem o projeto político no âmbito municipal, a capacidade de gestão, concepções equivocadas dos sujeitos envolvidos, baixa participação e co-responsabilização de profissionais e comunidade.