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Introdução: A doação e o transplante de órgãos são processos complexos que contam com profissionais de diferentes cenários para serem finalizados com êxito. Os passos para doação são baseados principalmente na Lei nº 9434 de 4 de fevereiro de 1997 e na Resolução do Conselho Federal de Medicina nº1.480, e compreendem: identificação, notificação e manutenção de potencial doador, testes para avaliar se está instalado quadro de morte encefálica(ME) através de avaliação clínica, neurológica e gráfica deste potencial doador, que se torna doador elegível ao passo que tem ME confirmada. Após certificação do quadro de ME, os profissionais da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) buscam comunicação com os familiares sobre o diagnóstico final do potencial doador através da entrevista familiar, momento que envolve grande carga emocional. Objetivos: Identificar as emoções vivenciadas pelos profissionais de saúde na entrevista familiar para doação de órgão(s); Descrever o manejo das emoções vivenciadas por estes profissionais na entrevista familiar; e, Apontar medidas para educação emocional dos profissionais entrevistadores. Justifica-se o estudo pelo crescimento contínuo na taxa de doação e transplantes no país, desde 2007, tendo quase atingido ao final do ano de 2010 o objetivo proposto (10 doadores pmp) com 9,9 doadores efetivos pmp (aumento de 13,8% em relação a 2009), e 9,6 doadores efetivos com órgãos transplantados. A taxa de notificação de potenciais doadores (36,5 pmp) cresceu 6,7%, e a de efetivação da doação 3,5%, resultando em aumento de 10,3% em relação ao ano de 2009 na taxa de doadores efetivos com órgãos transplantados (ABTO/RBT, 2010). Esta tendência de crescimento também atinge o Rio de Janeiro que a cada ano vem trabalhando com grande seriedade e envolvimento para aumento das taxas de doadores efetivos, que em 2009 era de 4,4 pmp e em 2010 aumentou para 5,1 pmp (GARCIA, 2009 e ABTO/RBT, 2010). Com a crescente demanda de potenciais doadores há, conseqüentemente, aumento de realização de entrevistas familiares para a doação de órgãos, situação que atinge diretamente os profissionais que a realizam. Tal fato os leva cada vez mais a terem que lidar com as emoções vivenciadas nas abordagens familiares, fundamentando desta maneira a realização deste estudo, afim de que sejam mais bem preparados os profissionais de saúde que tem de realizar as crescentes entrevistas familiares. No que diz respeito à relevância do estudo, realizou-se revisão integrativa com termos “emoções, pessoal de saúde, entrevista e doação de órgãos”, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas bases Lilacs, Medline e Scielo; nas as bibliotecas virtuais de cinco universidades federais da região Sul do país – UFRGS, UFSC, UFPR, UFSM, UFCSPA; e nas bibliotecas virtuais de quatro universidades federais do estado de São Paulo – USP, UNIFESP, UNICAMP e USFCAR. A escolha de tais localidades, em específico, é justificada por estas se destacarem no cenário de transplantes no Brasil, segundo o Registro Brasileiro de Transplantes representado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, a ABTO, assim como afirma Garcia (2009). À pesquisa, identificou-se: 17 textos aderentes com a temática, sendo que 47% de artigos originais, 17,6% de dissertações de mestrado, 17,6% de teses de doutorado, 11,8% de artigos de revisão e 5,9% de carta ao editor, produzidas entre 2001 e 2010, nenhum tratando diretamente do tema pretendido. Pesquisou-se também artigos no Jornal Brasileiro de Transplantes (JBT), onde encontrou-se com os termos de busca: “emoções” 2 produções em 2008 e 1 em 2007 que não tratam do assunto aqui pretendido; “emoções manifestas” onde não foi identificada produção científica; e “prática profissional” onde foi encontrado 1 artigo que também não abarca o objeto deste estudo. Diante do resultado das investigações, onde não foram encontrados textos que discutam sobre o tema aqui pretendido nos principais meios de produção científica relacionados, entende-se que a realização do estudo é de significativa relevância teórica. Entende-se ainda que com a realização deste, ampliar-se-á a produção técnico-científica a respeito das subjetividades dos profissionais que atuam no processo de doação de órgãos, tendo como conseqüência além do aprofundamento acerca do assunto in voga, a ampliação desta discussão. Os conhecimentos gerados por esta pesquisa poderão ser utilizados principalmente pelas equipes de CNCDO presentes em vinte e dois dos vinte e seis estados de nosso país, configurando desta forma, grande possibilidade de aderência regional e social. Em relação a viabilidade técnica e científica o estudo terá como um dos pontos de referência a Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson. Em relação ao impacto profissional, a partir da realização do estudo poderão advir melhorias de natureza comportamental para as diferentes categorias profissionais que atuam na área de transplantes, com entrevistas familiares. Ao conhecer o manejo das emoções vivenciadas pela equipe multidisciplinar da CNCDO no momento da entrevista familiar, poderemos entender como estes profissionais lidam com as situações difíceis, freqüentemente presentes nestas entrevistas. A partir do que for identificado e descrito, serão propostas medidas para educação emocional como meio de maior autoconhecimento de suas emoções, afim de que estas sejam mais bem manejadas, permitindo, portanto como resultado esperado a realização abordagens mais focadas e com maior segurança. Assim, tais profissionais terão a possibilidade de trabalhar de forma a melhor a atender não só suas próprias demandas, como as das famílias entrevistadas. Metodologia: a abordagem metodológica pretendida para este estudo é a qualitativa. Em relação ao tipo de estudo este será de caráter descritivo. O campo de pesquisa será uma CNCDO localizada no estado do Rio de Janeiro. Em relação aos sujeitos do estudo, deverão participar: 24 enfermeiras, 02 assistentes sociais, 01 psicóloga e 04 médicos, de ambos sexos, que trabalhem ou já tenham trabalhado realizando entrevistas familiares para doações de órgãos e continuem atuando na CNCDO. Serão excluídos sujeitos que tenham realizado entrevistas familiares, mas que não trabalhem mais na CNCDO. Estudar equipes multiprofissionais é um fator que pode vir a enriquecer a pesquisa pela oportunidade de revelação das diferenças. A técnica de coleta de dados será por entrevistas semi estruturadas. Somados à entrevista semi-estruturada estarão gravações das entrevistas em dispositivo eletrônico que posteriormente deverão sofrer transcrição, afim de serem analisados os dados coletados. A análise dos dados será por análise temática de conteúdo. Respeitando os preceitos da Resolução 196/96 sobre pesquisa com seres humanos, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética do HUAP/UFF, onde obteve aprovação sob o nº321/11.