Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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ENCONTROS MUSICAIS: ESTRATÉGIA MEDIADORA DE NARRATIVAS ENTRE CLIENTES EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO E SEUS FAMILIARES
Leila Brito Bergold, Beatriz Fernandes Dias, Inês Leoneza Souza, Neide Titonelli Alvim

Resumo


Trata-se de estudo revisado de tese que investigou a implementação do Encontro Musical (EM) como estratégia de cuidado a sistemas familiares no contexto da quimioterapia. Nesses encontros uma estreita relação entre as músicas e as narrativas foi evidenciada, pois as canções tiveram características subjetivas e proporcionaram relações simbólicas entre elas e os sujeitos. As narrativas permitiram que os sujeitos desvelassem subjetividades repletas de eventos de memórias de situações vividas com as músicas. O objetivo foi: caracterizar a influência da música nas narrativas dos sistemas familiares participantes dos Encontros Musicais. Para produção dos dados, foi usada a Pesquisa Convergente-Assistencial. As técnicas foram: entrevistas com clientes em tratamento quimioterápico e familiares; investigação do prontuário; pesquisa em grupo, com gravações e observações feitas por uma auxiliar de pesquisa no momento dos EM; e auto-observação. Foi desenvolvida no Hospital-Dia no Rio de Janeiro com 27 sujeitos, sendo 17 clientes e 10 familiares em 08 EM. Os sujeitos escolheram as músicas, que eram acompanhadas ao violão por um músico e cantadas pelo grupo. Cada participante falou sobre suas vivências relacionadas à música. Aspectos éticos foram respeitados, como a aprovação pelo CEP EEAN/UFRJ. Os resultados evidenciaram que a descontração promovida pela música desenvolveu um ambiente propício para as narrativas, que produziram conhecimento e novos sentidos para os participantes. Contribuiu para o diálogo intrafamiliar, estimulando a expressão das experiências relacionadas ao adoecimento e suas repercussões nas relações familiares. O diálogo grupal propiciou a percepção de que suas experiências não eram únicas e podiam ser partilhadas, fortalecendo o sentimento de pertencimento e desenvolvimento de rede de apoio. Além disso, mostrou uma alteração positiva do humor, potencializando as forças internas dos sujeitos. Dessa forma, a participação nos encontros facilitou o compartilhamento de conhecimentos e experiências, promoveu a fé e a esperança, fundamentais para ampliar a capacidade de enfrentamento da doença. Conclui-se que a estratégia proposta, configura em campo de possibilidades para se trabalhar com o sistema de referências de pessoas envolvidas em problemas semelhantes, implementa a assistência integral e humanizada preconizada pelo Ministério da Saúde, atendendo à complexidade do sistema familiar que (con)vive com a situação do câncer.