Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Enfermagem: o modelo tecno-assistencial do Setor de Acolhimento com Classificação de Risco da Emergência
Nereida Lúcia Palko dos Santos, Camilla Maria de Oliveira Ramos

Resumo


O acolhimento é uma ação tecno-assistencial que pressupõe a mudança da relação profissional/usuário e sua rede social através de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, reconhecendo o usuário como sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde. A partir do exposto, os objetivos de estudo foram: compreender o cotidiano dos enfermeiros no acolhimento da emergência; e identificar o entendimento de acolhimento para os enfermeiros. Estudo com abordagem metodológica qualitativa, à luz etnometodologia. Foram entrevistados sete enfermeiros lotados no setor de acolhimento com classificação de risco de um hospital estadual referência em urgência e emergência localizado na zona oeste do Rio de Janeiro. Utilizamos a entrevista semi-estruturada e a observação participante para coletar os dados. Aprovação no CEP HESFA/EEAN: Protocolo nº 036/2011. O referido setor funciona 24 horas por dia nos sete dias da semana. A humanização emerge como tema e fala recorrente, como uma questão dada à priori para o cuidado. Identificamos a perspectiva do acolhimento que traz a tecnologia leve, mas que no cotidiano da unidade funciona como um dispositivo tecnológico leve-duro, pois normatiza e gerencia ações, estruturas e fluxos para o cuidado. Os enfermeiros apresentam a preocupação com a falta de tempo para utilizar a tecnologia dura. O cotidiano do processo de trabalho revela uma tensão constituída paradigmaticamente entre o modelo proposto e o vigente, perpassando por uma série de fatores e situações que revelam a co-habitação de um modelo, operacional, vivo no cotidiano da prática; e um modelo “virtual” que pretende-se como estruturante dos processos, mas que, de fato, não se constitui no cotidiano desta forma. Comprovou-se que o sistema de referência e contra-referência não é eficaz, visto que os usuários “andam” de unidade em unidade a procura de atendimento. O acolhimento é apontado pelos enfermeiros como necessário e coerente com a política pública vigente, entretanto, as ações cotidianas no cenário de estudo apresentam uma atenção mais direcionada à produção dos atos de saúde, e da autonomia profissional (exercício profissional), centrado no modelo que fragmenta e centraliza as ações no atendimento médico, e não no usuário. Como fator que repercute no processo de trabalho da equipe na emergência, há a exigência de que os profissionais encampem a proposta da humanização como eixo estruturante das práticas e ações na unidade.