Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Fotos (re)contruindo histórias: relato de experiência da oficina terapêutica atelier no CAPS AD Passarela
Márcia Fernanda Mendes, Rochele Bristot, Geórgia Cardoso

Resumo


Nas ultimas décadas houveram mudanças significativas nos modelos de atenção ao portador de transtorno mental, este movimento foi chamado de Reforma Psiquiátrica, que tinha o pressuposto de atender de forma humanizada visando a manutenção do usuário no seu meio sócio-cultural, evitando a estigmatização e a institucionalização. Para isto foi necessário construir novos modos de cuidar, pensar no indivíduo, na sua constituição enquanto indivíduo singular, com necessidades, desejos, sonhos, enfim com um nome e uma história de vida que o constitui. Assim surgem os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, como um serviço estratégico e as oficinas terapêuticas tornaram-se componentes obrigatórios para a estruturação dos CAPS, mostrando-se um dispositivo potente para uma nova proposta terapêutica, numa multiplicidade de formas, processos e linguagens. Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência na realização da oficina terapêutica Atelier no CAPS AD Passarela de Sapucaia do Sul utilizando fotos como ferramenta terapêutica que possibilitou que os usuários pudessem (re)contar a sua história na produção de latas com fotos. O Atelier acontece semanalmente no CAPS, no turno vespertino sendo uma possibilidade para as pessoas que se mantém no mercado de trabalho. As atividades realizadas são decididas na própria oficina, de acordo com o desejo dos usuários e permanece o mesmo tema até a sua conclusão, quando no próprio grupo discute-se o que será produzido a partir dali. Com a proximação do Natal, decidiu-se fazer latas decoradas, e solicitamos que para a decoração das latas os participantes trouxessem fotos suas, de pessoas e lugares que gostavam pois iriamos fazer cópias para serem colocadas nas latas. Num primeiro momento alguns demonstraram dificuldade em trazerem as fotos, no entanto, quando outro participante trazia suas fotos, contava-nos parte de sua história, vivencias que não estavam relacionadas com a doença que tinham e nem pelo motivo que os reunia ali. E assim, cada um foi trazendo as suas próprias fotos. Conhecemos seus familiares, o que gostavam de fazer na juventude, histórias de vida que não tinham surgido até então. Percebeu-se que esta oficina facilitou outras formas de interação no grupo, proporcionou que eles resgatassem pessoas e momentos importantes de suas vidas: recontando sua história e resgantando sua identidade que por vezes se "confunde" com a doença, tornando-se autores e protagonistas de sua história de vida.