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Na Atenção Primária (APS) ocorrem a maioria das prescrições e dispensação de medicamentos. A formação, sobretudo dos farmacêuticos, ainda se dá dentro das universidades separada dos outros profissionais, usuários ou com as necessidades do sistema de saúde. Com efeito, o trabalho relata a experiência de dois campos de formação de farmacêuticos voltados para a APS de modo a qualificar a assistência farmacêutica (AF). As duas experiências preconizaram a formação em serviço com atividades de reflexão teórica e prática baseadas em problemas e conteúdos sobre conceitos e abordagens de saúde e doença, políticas de atenção à saúde e AF, planejamento e avaliação, reconhecimento do usuário em sua relação com família e comunidade em determinado território e a interdisciplinaridade. Ambas abrangem territórios de aproximadamente 100 mil usuários e se dão em equipes de APS. A formação é feita simultaneamente a articulações intersetoriais, visando a adequação do fornecimento de medicamentos e visando a sustentabilidade de ações fundamentais na garantia do acesso e uso racional dos medicamentos na APS. Uma das experiências foi em nível de pós-graduação na Residência Integrada em Saúde em Porto Alegre e a outra na graduação em Farmácia em um território do Distrito Federal por meio do estágio da disciplina de AF e do programa PET-Saúde dos Ministérios da Saúde e de Educação. Com a inserção de estudantes e farmacêuticos nestes dois espaços, foi possível qualificar a AF, adequando o espaço físico das farmácias; o armazenamento de medicamentos; a qualificação das prescrições, utilizando listas de medicamentos essenciais dos municípios; a programação de medicamentos mediante necessidades de cada território; acesso ao medicamento e orientação adequada ao seu uso. Até a atualidade já foram formados 17 farmacêuticos especialistas em Saúde da Família e Comunidade, 50 alunos estagiaram em assistência farmacêutica na APS e outros 8 participaram do PET-Saúde. Os resultados obtidos mostram que recriar ou oferecer novas alternativas a formação de profissionais, diferente do pensamento hegemônico e tradicional mais vocacionado para o tecnicismo tem bons resultados, com intervenções de baixo custo, favorecendo parcerias entre ensino e serviço que possam produzir a partir dela experiências exitosas de atuação de profissionais em serviços de saúde do SUS, produzindo modificações concretas no campo da saúde pública que contribuam para a promoção do uso racional de medicamentos.