Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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INTERFACES ENTRE PSICOLOGIA, POLITICAS PÚBLICAS E SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
José Pereira Maia Neto, Bruno Nogueira Garcia

Resumo


Nas últimas três décadas os paradigmas e pressupostos que dirigiam as práticas e saberes em saúde foram reorientados e modificados. Com isso, uma série de outros conhecimentos e disciplinas se mostraram necessários no intuito de abarcar as novas demandas que surgiram ao adotar o conceito biopsicossocial de saúde dentro de um sistema público de atendimento. O saber da Psicologia, portanto, se fez premente nesse novo contexto. Contudo, a ciência psicológica enfrenta uma série de obstáculos intrínsecos e extrínsecos que dificultam e tornam complexa sua inserção dentro da seara da saúde pública. Datada do fim do século XIX, a tradição da Psicologia atrela-se ora a uma visão interno-subjetivista, ora a uma objetivo-positivista, trazendo de todo modo, em seu bojo teórico-prático, a separação excludente entre as esferas individual e social. O resultado disso é uma visão despolitizada que se ocupa de sujeitos abstratos e alienados de seus contextos existenciais. Dada a importância do tema, objetivamos com esse trabalho analisar as principais dificuldades encontradas pelos psicólogos no que tange a sua colocação e permanência como profissional dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e as principais políticas públicas que contribuem ou não para esse contexto. Trata-se de uma revisão de literatura baseada em artigos científicos. A consulta foi realizada nas bibliotecas e bases virtuais como SCIELO e LILACS. As palavras-chaves utilizadas foram: trabalho multidisciplinar em saúde, Psicologia e Saúde Pública e humanização das práticas em saúde. Foram incluídos 67 artigos e os critérios de inclusão foram os trabalhos que se enquadravam na temática, alcançando o objetivo proposto, de idioma português e publicado no período de 2005 a 2011. A partir de nossas análises, pudemos verificar uma série de fatores que contribuem para dificultar a introdução do profissional psi dentro do campo da saúde pública, dentre elas podemos citar: a formação acadêmica deficitária, a tradição clínica-individual e despolitizada das práticas psicológicas, a dificuldade estrutural-funcional das instituições públicas e a prevalência do saber biomédico. Concluímos, portanto, que se fazem necessárias ações transformadoras por parte não só das políticas públicas, mas também dos próprios profissionais de Psicologia, que devam abranger desde a formação acadêmica até a consolidação de espaços e práticas voltadas para um sistema público de atendimento que cuide das demandas biopsicossociais da população.