Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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NIETZSCHE, PSICOLOGIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Luciana Ribeiro

Resumo


Introdução: Este trabalho foi desenvolvido como monografia de conclusão da Especialização e Aprimoramento Multiprofissional em Saúde Coletiva do HC-FMUSP. Objetivo: Refletir possíveis atuações da Psicologia junto aos serviços de saúde como prática de promoção da saúde e de produções singulares de qualidade de vida, a partir dos conceitos de saúde e décadence de Nietzsche. Metodologia: Revisão bibliográfica em Promoção da Saúde (Cartas de conferências internacionais e discussão sobre ética de Peter Duncan e Alan Cribb), filosofia de Nietzsche (segundo Klossowski) e reflexão sobre as práticas da psicologia nos serviços de saúde. Resultados: A Carta de Ottawa para Promoção da Saúde, de 1986, defende que ela seja um fator essencial de melhoria de qualidade de vida e que para as ações de promoção da saúde, diversos atores devem estar implicados e co-responsabilizados, não sendo exclusivas dos profissionais de saúde. Ela propõe um campo aberto que não tenha lugares e pessoas pré-estabelecidas para esse fim. O filósofo Friedrich Nietzsche discute Saúde como possibilidade de efetivar processos criativos e que o adoecimento não necessariamente é o oposto de saúde uma vez que a dor e a doença sempre fizeram parte da experiência humana. Para ele, a busca incessante por uma vida sem doenças é sintoma de décadence porque no processo saúde-doença podem afloram as fragilidades e as potencialidades de uma vida. Como um campo prático de saúde que não abre mão de suas fontes filosóficas, a Psicologia pode ser a intersecção entre este modo de pensar e novas práticas de promoção de uma outra saúde devolvendo às pessoas o plano da experimentação que produz diferenciações e saúde. Em 2005, a Carta de Bangkok deu enfoque na globalização para discutir Promoção da Saúde. Contudo, ao mesmo tempo em que ela valoriza a historicidade destes vinte e cinco anos e seu dinamismo, há o risco de se ater a fatores macroestruturais e externos, promovendo saúde apenas no âmbito de protocolos e pré-definições de como deve ser as condições para se produzir saúde. Ao considerarmos que Nietzsche afirma que o tipo ativo produz suas próprias condições e que seu modo de viver potente repercute no seu entorno, o contexto mudará como efeito de ações e não mais como finalidade. Conclusão: A leitura crítica dos materiais sugere a Promoção da Saúde como campo de experimentações, que produzirão saúde e potência, com efeito em uma luta cotidiana política e singular.