Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O Audiovisual na educação politécnica: desvelando as imagens
Marina Freitas Garcia

Resumo


A disciplina de audiovisual oferecida pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ) como uma das habilitações da educação artística tem por objetivo familiarizar os alunos de nível médio as diversas possibilidades de linguagem audiovisual. O curso audiovisual foi pensado a partir de um conjunto de metodologias que se diferenciam e se combinam ao longo dos três anos, dentre elas estão: cineclubismo, história dos movimentos artísticos de vanguarda, estudo crítico da estrutura da narrativa cinematográfica, cartas audiovisuais e produção audiovisual. Para além do estudo sistemático da constituição da linguagem cinematográfica ao longo de seu desenvolvimento histórico, visa-se problematizar e refletir sobre o uso da imagem. Baseados na crítica da imagem, a formação audiovisual não se limita apenas ao ensino das tecnologias de produção, reprodução e difusão das imagens, mas fundamentalmente pela compreensão do papel da proliferação das imagens no mundo real. Forma não se descola do conteúdo: como estou produzindo não se separa do que estou produzindo.Baseados nestes pressupostos, a metodologia pensada já para as aulas iniciais se vale de exercícios com o intuito de desnaturalizar o olhar para as imagens presentes no cotidiano. Nessas aulas são distribuídas para os alunos imagens retiradas de jornais, revistas, propagandas e internet. O aluno escolhe uma das muitas imagens e justifica sua escolha para a turma. “Por que essa imagem?”, “O que essa imagem quer dizer?”, “O que essa imagem mostra e o que ela esconde?”, “Qual a relação entre você e a imagem?”, “Como esta imagem te afeta?”, “Se você pudesse modificar essa imagem, o que faria?” são exemplos de provocações levantadas pelo professor. O objetivo dessas aulas é fazer com que os jovens alunos reconheçam que as imagens produzidas e disseminadas no cotidiano, sobretudo advindas da publicidade e propagandas, da televisão e cinema, não são fortuitas ou ocasionais. Elas, em verdade, reproduzem interesses e ideologias que foram historicamente construídos. Para além disso, o exercício apela para subjetividade, fomentando a criatividade e a liberdade para imaginar outras imagens, permitindo aos jovens problematizar o existente e imaginar novas formas de sociabilidade humana, características presentes no projeto de uma educação politécnica.