Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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MINISTRAR A DISCIPLINA DE ANATOMIA PARA UMA DEFICIENTE AUDITIVA: O INÍCIO DE UMA AVENTURA EDUCACIONAL
Karolina Kellen Matias

Resumo


Há 12 anos como docente da disciplina de anatomia humana da PUC-GOIÁS, deparo-me com uma situação que embora prevista, era no mínimo inusitada. No primeiro dia de aula prática de laboratório do corrente semestre, um rapaz se apresenta como intérprete de uma aluna que era deficiente auditiva. Apesar do desafio, fiquei entusiasmada com a nova oportunidade na seara já tão surpreendente do processo de ensino-aprendizagem. O somatório da minha falta de adequado domínio da linguagem de sinais com a completa falta de contato do intérprete com a anatomia humana, delineou o cenário deste novo desafio. A terceira personagem deste enredo...uma menina, ávida por aprender, interessada, os olhos atentos, hora em mim, hora no intérprete e com uma disposição surpreendente para superar suas limitações e alcançar o aprendizado, o que pra mim representava um estímulo extra nesta estória. Dos primeiros períodos dos cursos da área de saúde, a disciplina de anatomia é uma das que requer maior dedicação dos alunos e esforço dos professores em despertar o interesse e incutir nos aprendizes a cultura do estudo contínuo e antecipado. A quantidade de termos, bem como o vocabulário específico e não habitual da disciplina, representam alguns dos maiores entraves para o efetivo aprendizado da anatomia. Neste momento é inevitável não pensar na incerteza dos resultados, na possibilidade não pretendida do fracasso e nas estratégias mais adequadas para esta tarefa tão especial. Neste início, muitas dúvidas dela, do intérprete e talvez tantas quanto as minhas. Certezas? Da vontade e do esforço da aluna em aprender, do meu esforço e vontade em ensinar e da do intérprete de mediar. Tal situação representa um exemplo claro das inúmeras necessidades ou oportunidades de reinventar o processo de ensino-aprendizagem frente aos desafios da inclusão e da diversidade, mesmo em disciplinas clássicas em que o conteúdo não sofre muitas alterações ao longo do tempo. Estas situações testam nossas habilidades, incentivam a busca por novas estratégias de ensino e práticas alternativas que venham culminar com a conquista do aprendizado.