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O desafio da integralidade na formação de futuros fonoaudiólogos: relato de experiência
Resumo
Caracterização do problema: A valorização dos determinantes sociais, bem como de fatores subjetivos e biológicos aponta para o caráter complementar existente entre as ações de reabilitação e de práticas de promoção e prevenção. Foi com base nisso e visando a integralidade que os estágios denominados Fonoaudiologia Comunitária I e II do curso de Fonoaudiologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foram estruturados. Eles acontecem no 3° ano e os alunos são divididos grupos de 6 ou 7 graduandos. As atividades são desenvolvidas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em uma unidade de educação e em organizações não-governamentais (ONG), pertencentes ao mesmo território. A experiência de um desses grupos de estágio será descrita a seguir. Descrição da experiência: Um grupo de 7 estagiárias desenvolveu atividades em um Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI), uma ONG e uma UBS. Na CEMEI, o trabalho iniciou-se com a observação do contexto escolar e elaboração de uma proposta de atuação, englobando os seguintes temas: saúde vocal e auditiva, possíveis prejuízos do uso de chupeta e mamadeira e desenvolvimento da linguagem, que foram abordados por meio da realização de teatros, contação de estórias, roda de música e gincana. Os profissionais e responsáveis pelas crianças foram envolvidos no processo, desde a elaboração das atividades até a execução. Na ONG foram realizadas atividades de promoção à saúde e prevenção de perdas auditivas por meio de triagem fonoaudiológica. Algumas crianças, tanto da CEMEI quanto da ONG, necessitaram de encaminhamento para a rede de saúde, sendo a maioria deles resolvidos pela própria UBS de referência. Na UBS, os estagiários participaram de acolhimentos, realizaram ações clínico-reabilitadoras individuais e grupais e desenvolveram ações de prevenção e promoção com usuários na sala de espera e com os responsáveis das crianças em atendimento.Efeitos alcançados e recomendações: O estágio contribuiu para a formação de profissionais de saúde habilitados a compreender os determinantes do processo saúde-doença, a desenvolver e realizar estratégias de atuação de promoção, prevenção e reabilitação de modo a atender as necessidades da população e o fortalecimento do SUS. Ao mesmo tempo, atendeu a demandas reprimidas e demandas ocultas que surgiram como consequência da ida dos estagiários para os espaços de atuação. A experiência descrita pode ser reproduzida tanto em outros cursos de formação bem como na prática de profissionais de saúde já em atuação.