Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O ensino de Antropologia e a reorientação da formação na saúde: discutindo o caso da UFRGS
Graziele Ramos Schweig

Resumo


A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem estimulado uma série de ações no sentido da reorientação da formação na saúde. Além da adesão institucional aos editais dos programas Pró-Saúde e PET-Saúde, quase todos os cursos de graduação da área da saúde empreenderam reformas curriculares visando adequação às Diretrizes Curriculares Nacionais e à aproximação do ensino às necessidades da população e ao SUS. Dado este contexto, observamos que metade dos quatorze cursos de graduação da área da saúde da UFRGS possui alguma disciplina de Antropologia em suas grades curriculares. Nesse sentido, o presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com o intuito de compreender o papel das Ciências Humanas, especialmente da Antropologia, na formação de futuros profissionais de saúde na UFRGS. Além disso, a pesquisa teve por objetivo verificar o modo como o ensino de Antropologia para a saúde tem se articulado com o movimento mais amplo de reorientação da formação. Para tanto, foram analisados os currículos, planos de ensino, Projetos Pedagógicos e Diretrizes Curriculares dos sete cursos da saúde nos quais constam disciplinas de Antropologia. Além disso, foram realizadas entrevistas qualitativas semi-diretivas com docentes antropólogos e estudantes da saúde de modo a mapear as estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas pelos primeiros, bem como as percepções acerca da disciplina, construídas pelos segundos. Os resultados da pesquisa apontam para a existência de dois modelos no ensino de Antropologia para a saúde: o primeiro deles visa conferir uma “base humanística” à formação em saúde, de modo a trabalhar conceitos gerais e temas tradicionais da Antropologia; o segundo modelo visa trabalhar uma “Antropologia aplicada”, buscando desenvolver conceitos e temáticas diretamente relacionadas à atividade prática dos estudantes, de modo a articular os conhecimentos antropológicos às experiências vivenciadas em estágios curriculares dos cursos da saúde. Por fim, as falas de docentes e discentes apontam no sentido de uma aproximação entre os conhecimentos desenvolvidos na disciplina de Antropologia e as necessidades trazidas pelas novas Diretrizes Curriculares dos cursos da saúde, no contexto da reorientação da formação para o SUS.