Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O adoecimento e o cuidado hospitalar: um estudo acerca dos doentes acometidos por câncer de estômago em um hospital universitário
Ana Cleide Guedes Moreira, Alessandra Nazaré Barros Moura, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Alcindo Antonio Ferla, Josie Rodrigues Vieira, Sheyla Pereira Silva

Resumo


Segundo publicação da OMS (2007), todos os anos, pelo menos sete milhões de pessoas morrem devido ao adoecimento por câncer. As estimativas divulgadas pelo INCA para o ano de 2010 trouxeram o registro de 489.270 casos novos de câncer no Brasil. O câncer de estômago, no mesmo período, representando o segundo tumor maligno mais frequente em homens e o terceiro em mulheres no país, panorama repetido na região Norte. A partir do adoecimento por câncer, foco da nossa pesquisa, ao considerar a dimensão subjetiva vivenciada pelo doente oncológico, assim como as limitações impostas pela condição física e emocional desencadeadas por este adoecimento, o presente trabalho propõe-se a estudar de que forma os fatores relacionados ao adoecimento e ao processo de cuidado podem estar influenciando no sofrimento psíquico de doentes com câncer de estômago internados em um hospital universitário. O sofrimento psíquico, neste trabalho, não foi entendido como uma doença, sob um ponto de vista nosográfico, mas sob uma perspectiva dinâmica, enquanto um sentimento de vida contrariada do sujeito, que busca se ressignificar, através de novas normas de vida, frente ao adoecimento. Além do que foi realizada uma análise, à luz das categorias do cuidado, integralidade e sofrimento psíquico, a respeito de como os trabalhadores da saúde que acolhem e cuidam dos doentes com câncer são afetados em suas subjetividades durante esse processo do cuidar, influenciando na subjetividade do doente e no seu sofrimento psíquico. Para a análise, a metodologia qualitativa se impôs, entendendo que as relações estabelecidas no cuidado em saúde se mostraram necessariamente intersubjetivas e interrelacionais, ao considerarmos as relações que se estabelecem entre usuários (doentes / familiares), a equipe de saúde e a rede de serviços disponível, de um modo geral. Foi utilizado, como método, o estudo de caso, tendo como objeto os doentes adultos, com diagnóstico de câncer de estômago, internados na clínica cirúrgica do Hospital Universitário João de Barros Barreto, instituição que tem como proposta a implantação de uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, com vistas a atender essa demanda de forma integralizada. Os principais resultados foram: (i) que o cuidado em saúde continua sendo oferecido de forma fragmentada, hierarquizada e focado principalmente na doença e nos órgãos (ii) o processo de trabalho observado na produção de cuidado em saúde não atende os princípios básicos de integralidade (iii) tanto os indivíduos que procuram os serviços de saúde quanto os indivíduos que os recebem nesses serviços são vulneráveis e expostos ao sofrimento psíquico produzido por um sistema de saúde que está longe de alcançar, apesar do percurso realizado em direção a esse caminho, os ideais de integralidade, ou seja, que promovam o cuidado humanizado, integrado e que tenha como objetivo, mais que a busca de resultados e estatísticas, um cuidado que permita às pessoas retomar as rédeas da própria vida.Palavras-chave: Câncer de estômago. Sofrimento psíquico. Integralidade. Cuidado em saúde. Processo de trabalho.