Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O Programa Saúde na Escola e a Equipe de Estratégia de Saúde da Família
Renata Garcia Pereira, Alessandra dos Santos Ladvig, Mariângela Maccari Lopes, Renata Ulrich Finkler

Resumo


O Programa Saúde na Escola (PSE) foi lançado pelo Ministério da Saúde e da Educação através do Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, com o objetivo de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. O PSE tem como objetivos fomentar espaços de troca a respeito de assuntos como drogadição, sexualidade, higiene corporal e bucal, respeito às diferenças, alimentação saudável, importância do sono, aproximar a equipe da Estratégia de Saúde da Família e a Escola. Busca também disponibilizar espaços de aprendizagem e troca onde se entenda e discuta os malefícios causados pelo uso abusivo de drogas; informar sobre sexualidade, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, prevenção de doenças; orientar sobre higiene corporal e bucal; orientar sobre alimentação saudável; orientar sobre a importância do sono nas atividades diárias, principalmente no estudo; aproximar a escola e a ESF conforme as diretrizes do pse e contribuir na formação dos estudantes por meio de ações de prevenção e promoção á saúde. Entre as atividades previstas, está a avaliação nutricional, prevenção precoce de hipertensão e diabetes, saúde bucal, acuidade visual e auditiva, avaliação psicológica, prevenção e promoção da saúde (cultura de paz, violência, álcool e outras drogas, tabaco, educação sexual e reprodutiva, estímulo à atividade física e práticas corporais), educação permanente e capacitação de profissionais e jovens e monitoramento e avaliação da saúde dos estudantes. A partir do Programa Saúde na Escola, Estratégia de Saúde da Família (ESF) Lomba do Pinheiro desenvolveu ações de prevenção e promoção da saúde em uma escola municipal de ensino fundamental pertencente ao Territórios da área de abrangência da Estratégia Saúde da Família que apresenta vulnerabilidade econômica e social do distrito sanitário Lomba do Pinheiro/Partenon na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. As abordagens na Escola contaram com uma Enfermeira, uma Técnica de Enfermagem e duas Agentes Comunitárias de Saúde da Equipe de Estratégia de Saúde da Família e com as Residentes Multiprofissionais de Atenção Básica em Saúde Coletiva de Enfermagem, Psicologia e de Serviço Social. O período que consistiu o trabalho foi de junho a dezembro de 2011. Foram disponibilizados dois turnos semanais em que foram realizadas oficinas com crianças e adolescentes com faixa etária de 8 aos 13 anos matriculadas. As séries alvo das oficinas consistiram em turmas do primeiro ao nono ano do ensino fundamental e apenas participaram crianças e adolescentes com autorizações dos pais. Os encontros seguiam um cronograma previamente estabelecido cujos temas foram previamente sugeridos pelo corpo docente da escola. Foram utilizadas diferentes dinâmicas para cada tema trabalhado, que procuravam relacionar saúde com temas transversais, como higiene corporal e bucal, sexualidade, respeito às diferenças, importância do sono e alimentação saudável, conceituação das principais drogas de abuso, diferentes relações com a droga (uso, abuso e dependência química). As atividades visaram construir idéias baseadas em falas e na realidade vivenciada. Buscou-se construir conceitos coletivamente, ou seja, entre os profissionais da ESF, professores e alunos. A temática da drogadição foi abordada devido à atual conjuntura que revela o alto índice de crianças e adolescentes envolvidos com drogas, seja através do uso ou convívio com usuários de drogas. Já o tema “higiene corporal e bucal” foi utilizado, pois além de prevenir doenças como escabiose, pediculose, cárie, entre outros esta abordagem trás conscientização a respeito do cuidado com si mesmo. Para o auxílio do auto-cuidado a equipe ofertou escovas de dente, pente fino e ações de prevenção. No tema sexualidade foi abordado desde o conhecimento do corpo humano até as doenças sexualmente transmissíveis, sempre respeitando a faixa etária de cada turma trabalhada. Isso porque ainda existe polêmica entre pais e profissionais a respeito do tema. Muitos pais pensam que falando sobre a sexualidade irão estimular os filhos para o sexo. Com o tema “Respeito ás diferenças” levamos em consideração que estamos em uma era de inclusão social onde pessoas com deficiência finalmente podem compartilhar de espaços como o da escola, com seus vizinhos, amigos e irmãos. Infelizmente ainda há casos de preconceito seja por deficiência, racial ou por obesidade. A intenção da equipe logo foi abordar que todos somos diferentes, e que se faz necessário respeitar essas singularidades. Além das oficinas semanais, realizou-se os procedimentos de verificações de peso e altura, verificação de pressão arterial e acuidade visual em crianças do primeiro e do quarto ano. A escola disponibilizou à equipe de saúde uma sala com balança para onde os alunos eram levados, uma turma de cada vez, para realização dos procedimentos. Além das atividades com os alunos, equipe pedagógica da escola, a equipe da unidade de saúde e as residentes multiprofissionais reuniam-se mensalmente para avaliar o processo bem como realizar possíveis ajustes. Constatou-se efetiva participação dos alunos nas dinâmicas propostas, bem como reflexões e relatos de experiência e. As Oficinas atingiram um total de 40 turmas, totalizando 742 alunos. E os procedimentos de verificação de pressão arterial, peso, altura e acuidade visual totalizaram 340 alunos. Consideramos que a Escola é um espaço institucional privilegiado para esses encontros da educação e da saúde, onde se efetiva espaços para a convivência social e para o estabelecimento de relações favoráveis à promoção da saúde. As crianças e jovens participaram ativamente das dinâmicas propostas e as oficinas foram avaliadas como boas tanto pelas crianças e jovens quanto pelos profissionais da Escola e Unidade de Saúde. De forma geral, as oficinas e vínculo com a escola foram bons e estreitaram-se com a atividade no ano de 2011.