Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O ENFERMEIRO COMO AGENTE DO CUIDADO NA ÁREA OFFSHORE: NOVAS VELHAS QUESTÕES SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO, SAÚDE E DOENÇA.
Daniel Del Campo Corrêa

Resumo


O ENFERMEIRO COMO AGENTE DO CUIDADO NA ÁREA OFFSHORE: NOVAS-VELHAS QUESTÕES SOBRE O PROCESSO TRABALHO, SAÚDE E DOENÇA[1]. Daniel Del Campo Corrêa[2]Marilda Andrade[3] Introdução. O tema surge das inquietações profissionais do autor, em ter convivido na área offshore como supervisor do departamento de saúde de uma unidade marítima – navio ou plataforma de petróleo. A enfermagem offshore, como é conhecida, vem conquistando nos últimos anos através de exigências legais um espaço profissional ainda pouco mapeado e pouco discutido no que se refere às produções científicas. E ao mesmo tempo, ainda existe uma lacuna em aberto para discussões acerca da assistência de enfermagem offshore bem como, o seu processo de trabalho instituído nesta área. Associado a experiência de ter trabalhado na área offshore e as disciplinas do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, pude direcionar os questionamentos que ora me levam ao desenvolvimento da temática. Questões Norteadoras: Como os enfermeiros da área offshore vêm à assistência de enfermagem e o que pensam do que fazem em relação a esta assistência? Quais são as dificuldades assinaladas pelos enfermeiros para atuar na área offshore? Quais seriam as possibilidades e limitações segundo a sua percepção, para implementação de uma assistência de enfermagem na área offshore? Objeto de Estudo: a análise das representações dos enfermeiros sobre o seu trabalho na área offshore. Os objetivos que alicerçam a linha de pensamento para a construção de uma pesquisa que busca respostas ao novo cenário tecnológico do trabalho, em que o enfermeiro está inserido são: Objetivo Geral: analisar as representações dos enfermeiros sobre o seu trabalho na área offshore. Objetivos Específicos: compreender as representações dos enfermeiros sobre o seu trabalho na área offshore; descrever a dinâmica da assistência de enfermagem desenvolvida pelos enfermeiros da área offshore; analisar as dificuldades e possibilidades de atuação dos enfermeiros na área offshore e contribuir com subsídios para a discussão de uma nova assistência de enfermagem na área offshore. Referencial Teórico. A fundamentação da temática e contextualização do problema de pesquisa que visa a análise das representações dos enfermeiros sobre o seu trabalho na área offshore, não deve perder de vista o conceito de cuidado, e todas as implicações que tal objeto ocupa para o campo da saúde, sobre tudo, para a profissão do enfermeiro. Assim, precisamos pensar que o cuidado não tem tempo nem espaço: inicia-se antes da interação de cuidado propriamente dita1. Para tanto, é preciso refletir a influência do paradigma cartesiano sobre o pensamento e os modos do Ser e Fazer do profissional de saúde, sobretudo, nos espaços de trabalho, aonde o corpo humano é considerado uma máquina que pode ser analisada em termos de suas peças2. E o seu mau funcionamento, reduz-se a simples substituição, ou seja, o tratamento da doença. Isso se deve ao fato de estarmos convivendo na era da globalização, do capitalismo e os efeitos dos tempos líquidos modernos3. Tais reflexões nos levam a pensar sobre os novos cenários de trabalho que se apresentam mediante a uma exigência mercadológica, e como a enfermagem tem se preparado para atuar nesses novos ambientes, muitos deles, desafiadores e singulares. Para isso, é preciso compreender o espaço offshore como um desses novos ambientes, que também podem ser vistos como um território vivo, constituído por fixos e fluxos. Os fixos dizem respeito ao sistema de objetos que compõe a paisagem de um lugar. Já os fluxos compreendem os sistemas de circulação e de trocas tanto materiais quanto imateriais que animam e dão vida aos territórios4. É preciso reconhecer e compreender esses novos fluxos e fixos, pois, diferem dos ambientes nos quais os enfermeiros estão acostumados a lidar desde o seu processo de formação acadêmica. É importante pensar também, que o território offshore se enquadra como uma instituição total, que pode ser definida como um local de residência e trabalho onde grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, leva uma vida fechada e formalmente administrada5. Metodologia: a pesquisa encontra-se em curso e é de cunho, descritiva de caráter exploratório, com uma abordagem qualitativa. Constituirão como sujeitos da pesquisa, enfermeiros que trabalham na área offshore atuantes no Brasil. A coleta de dados se dará através da técnica de entrevista com utilização de questionário semi estruturado, e ocorrerá após a aprovação pelo Comitê de Ética com anuência dos participantes após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em atendimento a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde6. Após a coleta, os dados serão analisados seguindo a expressão representativa das falas dos sujeitos seguindo a hermenêutica dialética que busca apreender a prática social empírica dos indivíduos em sociedade em seu movimento contraditório7. Resultados Esperados: espera-se que toda a representação das idéias expressas pelos sujeitos, contribua para a construção epistemológica acerca das necessidades de cuidado de enfermagem e como este se articula com o processo de trabalho no ambiente offshore. Porque todos os atores envolvidos interdisciplinarmente neste novo processo necessitam de planos de ação que promovam maior consenso para a melhoria das condições de saúde e modos inovadores de promovê-la8, considerando os aspectos do processo de trabalho e os determinantes de saúde e doença no ambiente offshore. Descritores: Offshore, Assitência de Enfermagem, Processo de Trabalho Eixo Temático: Trabalho. Referências: 1.Waldow V R. Cuidar: Expressão Humanizadora da Enfermagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006, 190p. 2.Capra F. O Ponto de Mutação. São Paulo – Curltrix, 2006. 3.Bauman, Z. Vida Líquida, 2 ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. 4.Santos M. O Espaço do Cidadão. – 7 ed. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. 5.Goffman E. Manicômios, Prisões e Conventos – 8. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2008. 6. BRASIL, Ministério da Saúde. Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde / MS. Sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, 10 de outubro de 1996. 7. Minayo MCS. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 11.ed.- São Paulo: Hucitec, 2008. 8. Gomes CM (Org.) Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea./organizado por Carlos Minayo Gomez, Jorge Mesquita Huet Machado e Paulo Gilvane Lopes Pena. – Rio de janeiro, Editora Fiocruz, 2011. [1] Recorte do Projeto de dissertação alinhado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde e Enfermagem (MACCS/UFF/2011).[2] Mestrando do curso de pós-graduação MACCS/UFF /2011). delcampo.uff@gmail.com[3] Professora associada da Universidade Federal Fluminense (UFF).