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O farmacêutico hospitalar, como profissional de saúde, além da atuação clínica e na gestão do serviço, tem um grande papel político ao prestar assistência farmacêutica com qualidade e promover o uso racional de medicamentos. O medicamento é um produto diferenciado, porque muitas vezes dele pode depender a manutenção da vida. Sendo assim, o medicamento deveria ser considerado um bem público, entretanto o mesmo circula como mercadoria. A indústria farmacêutica é caracterizada por oligopólios de transnacionais que, a partir dos anos 1980, atravessaram um processo de fusão dos maiores laboratórios, criando maneiras de aumentar a rentabilidade e os investimentos. Ao mesmo tempo há também oligopolização em relação aos investimentos e ao conhecimento - propriedade intelectual. Em decorrência disso é gerada uma desigualdade na distribuição dos medicamentos: há concentração da produção em países desenvolvidos e carência de medicamentos em sintonia com doenças negligenciadas nos países em desenvolvimento. O abastecimento de medicamentos em hospitais do serviço público caracteriza-se pelo subinvestimento e pela falta de regularidade, interferindo diretamente na efetividade dos programas e tratamentos de saúde. As atividades que envolvem o profissional farmacêutico apresentam relações com aspectos que às vezes não são tidos como próprios para estarem na formação e no cotidiano do profissional, como a incorporação de tecnologias em saúde e políticas de medicamentos. É importante que o farmacêutico domine o conhecimento de como funcionam as relações entre a indústria farmacêutica, o Estado e a sociedade, como foi o processo de industrialização brasileira e sua relação com a dependência na produção de medicamentos, políticas públicas, processo de aquisição de medicamentos, acesso a eles e população atendida pelo serviço. É essencial atrelar a discussão política à prática farmacêutica.