Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O LÚDICO NA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DE INTERNOS DE LONGA PERMANÊNCIA EM UM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
Ameliane Reubens Leonidio, Halina Cavalcanti Gouveia, Angelita Danielle Gouveia da Silva, Danielle de Arruda Costa, Camila Serrano Mulatinho

Resumo


A Lei 10.216/01, que orienta a Reforma Psiquiátrica brasileira, estabelece novas formas de pensar e produzir o cuidado em saúde mental. Assim, a lógica manicomial vem sendo progressivamente substituída pela da Atenção Psicossocial, pautada no cuidado de base territorial, humanizado e articulado entre vários setores. Seguindo este novo modelo, em 30 de dezembro de 2010, o maior manicômio do estado de Pernambuco, o Hospital Psiquiátrico José Alberto Maia (HJAM), teve suas portas fechadas, encerrando um processo de denúncias contra o isolamento, maus tratos e violação dos direitos humanos. Para acolher as pessoas que saíam deste local, o Governo de Pernambuco, juntamente com o Município de Camaragibe, criou um espaço transitório denominado Centro de Desinstitucionalização. Localizado no km 14 de Aldeia, área pertencente ao município de Camaragibe, o Centro chegou a abrigar em torno de 250 pessoas e, desde sua concepção configura-se como uma estratégia de produção de cuidado humanizado, estimulação para as Atividades da Vida Diária e resgate da cultura, isso ocorrendo concomitantemente às articulações entre municípios e familiares para o retorno às casas ou inclusão nos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). Mesmo apresentando objetivos claros, o inicio do processo foi cercado pela dificuldade de se encontrar uma metodologia adequada para as intervenções. Cria, então, o grupo Movimento Cultural. O resgate e a re-significação da cultura tornaram-se objetivos do grupo. Foi possível construir e fortalecer vínculos, resgatar a cultura, romper preconceitos e estigmas, de forma lúdica. A ludicidade surgiu como um instrumento facilitador do processo, uma vez que, de acordo com Mendes e Oliveira (2010), este se constitui como um elemento intrínseco do surgimento e desenvolvimento da civilização, e pode abrir espaço para a reorientação das práticas em saúde, flexibilizar as relações de poder entre profissionais e usuários e permitir que os sujeitos tornem-se protagonistas no cuidado com a saúde.