Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O papel da análise de dados em uma pesquisa participativa: o caso da Gestão Autônoma de Medicamentos (GAM)
Eduardo Passos, Letícia Renault, Christian Sade

Resumo


O presente trabalho visa a discutir o tema da análise de dados em uma pesquisa qualitativa, avaliativa e participativa. Este trabalho é desdobramento de uma pesquisa com tais atributos: trata-se da pesquisa Autonomia e direitos humanos: validação do Guia de Gestão Autônoma da Medicação – GAM (FAPERJ, 2011), realizada em um CAPS no estado do RJ. O instrumento que se está validando (o Guia GAM) é voltado à rede pública de saúde mental e se dirige aos usuários de medicamentos psiquiátricos. O projeto GAM está ligado aos movimentos sociais que visam ao fortalecimento das práticas coletivas e à promoção da participação no campo da saúde. Busca-se, no trabalho de campo no CAPS, incentivar a participação e protagonismo dos usuários em seu tratamento e ampliar as condições de exercício de seus direitos. O caráter de intervenção desta pesquisa é, portanto, primordial. Contudo, ela objetiva também fornecer recursos e instrumentos a toda a rede, ampliando a discussão dos temas trabalhados numa direção participativa e cogestiva. Ela, assim, está igualmente comprometida com a produção de conhecimento. Desse modo, o procedimento de análise de dados a ser empregado deve estar afinado com o processo de pesquisa e com os seus objetivos de fomento à participação. Tendo em vista o caráter de intervenção da pesquisa, a análise a ser realizada volta-se de fato a processos, e não propriamente a dados. É preciso, então, lançar mão de indicadores processuais e técnicas analíticas que preservem a vivacidade dos acontecimentos em campo e sirvam de guia – e não de regra – para outras experiências de intervenção. Outra especificidade exigida por este tipo de pesquisa é que a análise se dê não por decomposição, mas por acesso aos processos coletivos. Desse modo, a análise deve abarcar experiências em que tomam parte todos os envolvidos na pesquisa: usuários, familiares, trabalhadores, gestores e pesquisadores. A pesquisa GAM já mencionada (FAPERJ, 2011) está vinculada à Universidade Federal Fluminense e é parte do projeto multicêntrico (UNICAMP-UFF-UFRJ-UFRGS) “Pesquisa avaliativa de saúde mental: instrumentos para a qualificação da utilização de psicofármacos e formação de recursos humanos” (CNPq, 2009), de parceria internacional entre Brasil e Canadá e sob chancela da ARUC (Alliance Internacionale de Récherche Universités-Communauté). Palavras-chave: saúde mental, participação, pesquisa participativa, análise de dados, gestão autônoma da medicação.