Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O processo de desinstitucionalização em um hospital psiquiátrico da cidade do Rio de Janeiro.
Maria Socorro Queiroz

Resumo


A lógica da desinstitucionalização no Brasil foi impulsionada pelo Movimento da Reforma Psiquiátrica. Segundo Souza et al (2007) foi a partir deste movimento que foram implementadas, no país, grandes transformações no que tange a assistência prestada aos usuários da saúde mental. Dentre estas destacam a redução de leitos em unidades manicomiais e a criação de serviços substitutivos a internação, tais como os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, os Serviços Residenciais Terapêuticos – SRT e a implantação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais. Mas, apesar dos avanços no modo de prestar assistência aos ditos loucos ainda observa-se, no Estado do Rio de Janeiro, um elevado número de leitos psiquiátricos por habitantes em comparação aos outros estados da federação[1]. Grande parte destes leitos está concentrada no município do Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) há entre as 15 unidades de internação psiquiátricas da cidade um total de 987 pessoas internadas há mais de 2 anos, logo, podemos considerá-las moradoras, ou como convenciono-se chamar de pacientes de longa permanência. É considerando esses dados que buscaremos fazer algumas reflexões acerca do processo de desinstitucionalização, a partir do levantamento de dados dos pacientes de longa permanência (internados há mais de 2 anos) do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro - IPUB/UFRJ[2]. Para atingir tal objetivo realizaremos pesquisa de campo, pautada na metodologia qualitativa, pois esta nos permitirá compreender com mais intensividade o fenômeno da desinstitucionalização. Faremos uso de um roteiro para a análise dos prontuários dos pacientes internados há mais de 2 anos na unidade em questão, assim como realizaremos entrevistas semi-estruturadas junto aos quatro responsáveis técnicos pela coordenação do Serviço Residencial Terapêutico (SRT) existente no Instituto, visto que este dispositivo nasce como peça de extrema importância no processo da desinstitucionalização brasileira. A articulação das informações coletadas nos prontuários com as fornecidas pelos profissionais inseridos na coordenação do SRT será de extrema importância para compreender como se dá no interior da instituição o processo de desinstitucionalização. Cabe ainda ressaltar que estas reflexões foram impulsionadas pela nossa experiência de residentes multiprofissionais em saúde mental do Instituto de Psiquiatria da UFRJ – IPUB. [1] Segundo dados do Ministério da Saúde, o estado do Rio de Janeiro possui 0,42 leitos psiquiátricos por 1000 habitantes, enquanto que São Paulo, estado mais populoso do país dispõe de apenas 0,26 leitos por 1000 habitantes. (BRASIL, 2010). [2] A partir desse momento faremos uso desta abreviação, IPUB/UFRJ, quando fizermos menção ao Instituto de Psiquiatria. Bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Saúde Mental em Dados – 7, ano V, nº 7. Informativo eletrônico. Brasília: junho de 2010. Disponível em: http: //portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/smdados.pdf. Acesso em Maio de 2011. MATTOS, R. A. de (at al). Desinstitucionalização da saúde mental: contribuições para estudos avaliativos. Rio de Janeiro: CEPESC: IMS/LAPPIS: ABRASCO, 2007. MINAYO, M. C. de S. Fase Exploratória da Pesquisa. In: MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1996 p. 89-104. NICÁCIO, F. (Org.). Desinstitucionalização. São Paulo: Editora Hucitec, 2001. SOUZA, A.C.de; LIMA, A.T.; PINHEIRO, R. Da ‘instituição negada’ à ‘instituição inventada’: a especificidade do processo de desinstitucionalização do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, em Niterói –RJ. In: MATTOS, R.A.de (at al). Desinstitucionalização da saúde mental: contribuições para estudos avaliativos. Rio de Janeiro: CPESC: IMS/LAPPIS: ABRASCO, 2007.