Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O QUE A MÍDIA VÊ NO SUS? UMA ANÁLISE DAS NOTÍCIAS SOBRE O GHC
Anderson dos Santos Machado

Resumo


Frequentemente as notícias na imprensa sobre o Sistema Único de Saúde abordam apenas no aspecto negativo, especialmente as deficiências do acesso aos usuários. As diretrizes para um sistema de qualidade, forcçado na promoção de saúde preventiva e de acesso universal, pouco são exploradas pela mídia, que se limita ser um fiscal eventual de serviços sem contribuir para o debate efetivo para o aperfeiçoamento do sistema.Para compreender tal postura, procurou-se identificar como os conceitos de público e privado interferem na construção das notícias sobre o SUS, procurando indícios sobretudo são ideias pré-estabelecidas pelos profissionais de comunicação.A análise revisou 4.103 manchetes em que o GHC e o SUS em Porto Alegre são citadas ao longo de um ano, conforme clipagem realizada por uma empresa contratada pelo GHC. O período analisado corresponde de aos meses de julho de 2010 a junho de 2011.Foram destacadas 2.390 como sendo relacionadas à formação da imagem do Grupo Hospitalar Conceição como instituição de saúde pública. Dessas, foram apontadas 673 como notícias positivas ao Grupo contra 1.627 negativas. Em apenas dois meses a abordagem favorável foi maior. Um deles foi julho de 2010, quando foi lançada a nova UTI do Hospital Conceição. O que foi ressaltado pela mídia foi o componente tecnológico da unidade, reforçando a lógica privada, de que a excelência de qualidade só se dá por construção de unidades com tecnologias complexas. Em outros meses, notícias relevantes para a consolidação de práticas de saúde pública, com forte repercussão no campo da saúde, não tiveram o mesmo empenho de cobertura por parte da mídia gaúcha.Um dos fatores que reforçou as notícias negativas foi a prática adotada por telejornais e sites de notícia que tinham um placar diário para apresentar os números da superlotação nas emergências de Porto Alegre, sem apresentar espaço para discussões sobre soluções para o problema.A conclusão foi que há elementos que caracterizam uma tendência da imprensa gaúcha a valorizar o caráter privado e atacar o que é público. No caso das reportagens sobre o GHC, a qualidade dos serviços é fortemente ignorada diante da cobertura sistemática da superlotação das emergências e deoutras notícias negativas contra a instituição.