Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Percepção dos Gerentes sobre Educação permanente em Saúde e Sua Prática
Rosilene Aparecida Machado

Resumo


O Sistema Único de Saúde (SUS), após 23 anos de sua implantação, apresenta um inegável avanço na universalização da assistência e organização do sistema, porém o modelo assistencial, ainda predominante, caracteriza-se pela prática de ações fragmentadas, centralizadas em atos médicos, intensa medicalização e com predomínio de ações curativas, dificultando o alcance das diretrizes do sistema de saúde. A Política de Educação Permanente em Saúde (EPS), instituída pelo Ministério da Saúde (MS), é reconhecida como uma estratégia de transformação destas práticas de saúde. A Educação Permanente baseia-se na aprendizagem significativa e desenvolve-se a partir dos problemas diários que ocorrem no local da atuação profissional, levando em consideração os conhecimentos e as experiências pré-existentes da equipe. Dada à relevância da estratégia, como propulsora em produzir mudanças no processo de trabalho, este estudo teve como objetivo realizar o levantamento da percepção de profissionais que vivenciaram a estratégia da EPS, no nível local, em uma Secretaria de Saúde, no período de 2005 e 2006, em um município de médio porte do estado do Paraná. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa que se utilizou do processo de entrevistas individuais gravadas e com perguntas norteadoras, realizadas com nove profissionais no período de outubro de 2009 a abril de 2010. O número de entrevistas foi definido por meio do método de saturação de dados e coincidência de informações. A sistematização de dados foi realizada através da técnica de análise de conteúdo de Bardin. Dos resultados, emergiram três categorias de análise: 1) Concepção dos profissionais entrevistados sobre educação permanente em saúde, 2) Percepção do caminho vivenciado pelos profissionais gerentes e 3) Efeitos na prática gerencial e na prática do cuidado. A primeira categoria traz referências de pressupostos sobre EPS, feitas pelos profissionais. Na segunda categoria emergiram duas subcategorias: a primeira chamada de Resistências, tensões e ruídos no processo, onde os profissionais identificaram as tensões na gestão do cotidiano e a outra chamada de O apoio como sustentação e fortalecimento do processo, onde os gerentes caracterizaram o tipo de ajuda para a condução do processo de EPS local. E por último a categoria: Efeitos na prática gerencial e na prática do cuidado, que teve duas subcategorias de análise: a prática gerencial, mostrando as possibilidade de desenvolvimento desta prática e a subcategoria prática do cuidado, identificando efeitos neste campo. Considerando as dificuldades para gerar mudanças nas práticas é preciso dar suporte, apoio, aos processos coletivos, estimular a capacidade dos trabalhadores para entender o mundo do trabalho o que possibilita mudanças na gestão local.