Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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OFICINAS TERAPÊUTICAS EM SAÚDE MENTAL: UM OLHAR NA PERSPECTIVA DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL II
Vanessa Andrade Martins Pinto, Lilian Hortale de Oliveira Moreira

Resumo


Estudo descritivo, de natureza qualitativa, acerca da narrativa dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial II sobre as características de qualidade das oficinas terapêuticas em saúde mental. Utilizamos como guia os Indicadores de Qualidade de Projeto (IQPs), conjunto de técnicas elaboradas e testadas na área educacional, que possuem a finalidade de avaliar projetos educacionais. Este nos propiciou atender aos nossos objetivos que foram: descrever as características de qualidade das oficinas terapêuticas, a partir da narrativa dos usuários, utilizando como guia os IQPs; discutir os IQPs como guia para a construção de critérios de qualidade nas oficinas terapêuticas em saúde mental e analisar as oficinas terapêuticas, enquanto dispositivo assistencial, a partir do olhar dos usuários. O estudo fundamentou-se em conceitos da Reabilitação Psicossocial e de estudiosos do Campo da Saúde Mental. Nossas reflexões basearam-se nos dados obtidos de vinte entrevistas realizadas em três oficinas terapêuticas (Bijuteria, Expressiva e Rádio) de um Centro de Atenção Psicossocial II, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Através da análise dos dados, pudemos perceber que os doze IQPs estão presentes nas oficinas estudadas, mas que alguns IQPs são essenciais como critérios de qualidade de uma Oficina Terapêutica (Oportunidade, Transformação, Coerência, Apropriação, Eficiência, Harmonia), enquanto outros são mais específicos dependendo do objetivo da Oficina (Oficina de Bijuteria - Cooperação, Oficina Expressiva - Criatividade, Oficina de Rádio - Protagonismo). Ainda, para os usuários, independente dos objetivos de uma oficina terapêutica existe pontos chaves para que uma oficina tenha características de qualidade: modificações relativas ao quadro psíquico e comportamental. Acreditam que uma oficina possui característica de qualidade quando facilita o desenvolvimento de habilidades cotidianas, e faz com que eles alcancem o desejo de sentirem-se melhor, mais valorizados, com liberdade de fazer suas tarefas e escolhas no dia-a-dia, sem que seja necessária a autorização de terceiros e a convivência tem um lugar central nesse dispositivo terapêutico. Ressaltamos que essa é apenas uma aproximação possível dentre outras. Não queremos a generalização das oficinas, mas apresentar questões instigantes na aproximação dos IQPs com os conceitos de Reabilitação Psicossocial e Oficina Terapêutica, enquanto dispositivo assistencial. Recomendo, portanto outros estudos em cenários e oficinas diferentes para que possamos estudar e comparar o que estamos produzindo nesses espaços a partir de quem os utiliza como recurso terapêutico. E a partir daí criar espaços de conversa entre os usuários e os profissionais de saúde mental, visando dialogo aberto, negociação e qualidade dos serviços.