Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Paralisia Cerebral: Relato de caso- Jardim Cumbica I Guarulhos-SP.
Christian Spina, Carolina Gioia, Camila Pucci, Juliana Sanchez, Cassiano Assunção, Débora Bertussi

Resumo


A paralisia cerebral (PC) ou encefalopatia crônica da infância é definida como qualquer desordem caracterizada por alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do sistema nervoso central (SNC) em desenvolvimento. O comprometimento do SNC nos casos de PC decorre de fatores endógenos e exógenos. Entre os fatores endógenos, há o potencial genético herdado, que pode determinar um ritmo de evolução do sistema nervoso junto com as potencialidades de sua atividade motora, instintivo- afetiva e intelectual, assim como a plasticidade cerebral. Entre os fatores exógenos, considera-se que o tipo de comprometimento cerebral vai depender do momento em que o agente atua, de sua duração e da sua intensidade. Em relação ao momento, o agente etiológico pode atuar em diferentes períodos: pré-natal (infecções, traumatismos, intoxicações e fatores maternos), perinatal (hipóxia) e pós-natal (distúrbios metabólicos, as encefalites, hiperbilirrubinemia, tocotraumatismos). As encefalopatias crônicas da infância, são classificadas em espásticas ou piramidais, coreoatetósicas ou extrapiramidais, atáxicas e mistas. A forma mais freqüente é espástica, onde encontramos hipertonia muscular extensora e adutora dos membros inferiores, hiper-reflexia profunda e sinal de Babinski, e déficit de força localizado ou generalizado. No diagnóstico da paralisia cerebral é importante a história de comprometimento predominantemente motor não evolutivo, exame neurológico e exames complementares. Os pacientes com PC devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar, na qual o principal enfoque terapêutico é a fisioterapia. Atualmente, o uso da toxina botulínica tem se mostrado útil na prevenção de deformidades secundárias à espasticidade, modificando a qualidade de vida dessas crianças. O prognóstico depende, não só da abordagem da criança, mas também de sua família, ouvindo e orientando-a, sendo essa, a única forma de se atuar de maneira completa nos casos de PC. O objetivo deste trabalho foi avaliar um caso de Paralisia Cerebral em uma criança de 6 anos, sexo masculino, moradora do Bairro Tijuco Preto, a fim de analisar adequadamente a sua condição física e, dessa forma, intervir através de seu encaminhamento para tratamento especializado em sua possível reabilitação, melhorando, assim sua qualidade de vida. Foram realizadas quatro visitas domiciliárias à casa da família do menor K. C., 6 anos. De acordo com as informações obtidas através da anamnese, cuja informante foi a avó, e dos exames complementares, constatou-se Paralisia Cerebral Espástica que foi confirmada através da realização do exame físico completo. A análise cognitiva foi realizada através de interrogação sobre o desenvolvimento neuropsicomotor e análise do prontuário do garoto. Para os procedimento foram utilizados : diapasão, martelo para reflexos, espátula e algodão para testar a sensibilidade (tátil e dolorosa). Nas duas primeiras visitas, foi realizada anamnese pediatrica, cuja informante (a avó) relatou as condições do nascimento, onde constatou-se fatores de risco para a atual patologia como prematuridade (32 semanas de gestação), infecção materna não-tratada e sepse neonatal, alteração ortopédica (pés equinovaro), assim como alterações no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) logo nas etapas iniciais do desenvolvimento, como dificuldade em engatinhar aos 12 meses (normal 9 meses) e impossibilidade em manter-se em pé aos 12 meses, firmar a cabeça apenas aos 12 meses (normal 3-4 meses). Nas outras duas visitas, foram realizadas todas as etapas do exame físico, onde foram observadas alterações como hiperreflexia dos reflexos tendinosos profundos patelar e aquileu e hipertonia, em ambos os membros inferiores, além de alteração ortopédica com pés equinovaro. Durante a observação da marcha com o auxílio de andador, concluiu-se ser uma marcha diplégica espástica. A criança mostrava-se tímida, porém muito colaborativa com as perguntas e às as manobras que eram solicitadas durante o exame físico. Com a análise dos dados pode-se chegar a possíveis causas para as alterações observadas: prematuros possuem imaturidade na região periventricular do encéfalo, acarretando possiveis hemorragias, sendo observadas tardiamente como leucomalácia da região; fato que foi comprovado pela tomografia computadorizada de crânio do paciente (alteração biventricular); as alterações motoras apresentadas pela criança comprovam alteração nesta área cerebral, pois há compromentimento de membros inferiores bilateralmente. Assim, pôde-se chegar a um diagnóstico de paralisia cerebral espástica (piramidal). A criança realizou quinze sessões de fisioterapia e aguarda tratamento com toxina botulínica, que fará com que haja uma grande melhora da hipertonia e maior possibilidade da atuação fisioterápica. As seguintes conclusões foram obtidas : Através do exame clínico e após discussão com uma neurologista, foi concluído que através de uma correta intervenção, o paciente poderá evoluir para uma reabilitação; as sessões de fisioterapia parecem ter ajudado bastante a criança, porém acreditamos que, devido ao quadro, o tratamento com a toxina botulínica proporcionará melhora da espasticidade; para uma reabilitação completa, acreditamos que uma cirurgia ortopédica seria a melhor opção, pois corrigiria a deformidade e, juntamente com as outras terapêuticas (botox e fisioterapia) acarretariam na melhora quase, senão completa, do garoto; realizamos o encaminhamento para o ambulatório de ortopedia da UNICID, porém devido à dificuldades de locomoção, o garoto não pôde comparecer na consulta. Assim, acreditamos que se o serviço público disponibilizasse serviços de transporte à pacientes com dificuldade de locomoção, o prognóstico de muitas dessas crianças poderia ser mais favorável.