Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Programa de Educação pelo Trabalho (PET): relato de uma experiência a favor da educação permanente.
Leonardo Oliveira, Aione Oliveira, Magda Barreto, Debora Rocha, Marina Bond, Marcela Dias, Marcela Monteiro, Nathalia Braga, Andressa Ferreira, Fernando El-Jaick, Rita Cavalcante, Octavio Serpa, Juliana Caramore, Patrícia Miranda, Cristiane Mazza, Viviane Tinoco, Maria Paula Cerqueira, Gabriela Fiszer

Resumo


Para CRUZ e FERREIRA (1999), a formação de profissionais para clínica AD deve fugir de um especialismo que coloca aspectos biológicos e psicodinâmicos em primeiro plano para dar lugar a complexidade da questão trazendo a tona também a dimensão sociocultural. Diante deste contexto, o Instituto de Psiquiatria e a Escola de Serviço Social da UFRJ participam do PET Saúde, Saúde Mental Crack, Álcool e Drogas, uma iniciativa conjunta entre os Ministérios da Saúde e da Educação, que inseriu graduandos da área da saúde e tutores (docentes) em serviços públicos de saúde mental da capital do RJ (CAPS), contando com a preceptoria de técnicos dos serviços. A metodologia do trabalho, que relata apenas a experiência de um dos grupos de tutoria, estruturou-se em dois momentos articulados: um de imersão no cotidiano dos serviços e outro na universidade, sendo este o espaço de interlocução entre os tutores, preceptores e graduandos. Foi eleita, então, uma estratégia de pesquisa e aprendizagem chamada “caso traçador”, que consiste na análise da trajetória de um usuário específico através da rede de cuidados singular que ele construiu ao redor de si. Essa estratégia, que se esforça por trazer à tona a singularidade e a complexidade dos casos da clínica AD ao mesmo tempo em que produz conhecimento sobre a potência e dificuldades da rede e sobre a movimentação particular dos pacientes dessa clínica, não foi perdida de vista em todos os momentos do projeto, sendo eleitos dois casos traçadores de uma mesma área para análise desse processo. A reflexão sobre esses dois casos gerou um conhecimento vivo sobre os nexos e rupturas entre o trabalho das diversas políticas sociais, do CAPS e da comunidade no território, sendo observado que quando a rede singular de cuidados está sendo tecida com o reconhecimento da comunidade em relação à rede SUS, facilita-se o processo de reabilitação. Porém, além da relevância desse conhecimento, é importante ressaltar a forma através da qual se chegou a ele, ou seja, a importância da educação imersa na realidade dos serviços. Essa forma de aprendizado para o SUS, distinta da “educação bancária” como denunciou Paulo Freire (2000), exemplifica o principal efeito alcançando com esse projeto: a produção de mais autonomia e criatividade entre os graduandos e profissionais na busca do ideal de uma educação permanente tão recomendável para quem se propõe a enfrentar os desafios cotidianos da clínica AD.