Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Projeto Corpo Vivo: Desenvolvendo tecnologias de ensino de corporeidade e cuidado
Ana Maria Chagas Sette Câmara

Resumo


O Projeto Corpo Vivo desenvolve um trabalho interdisciplinar e de educação multiprofissional com acadêmicos e profissionais da saúde. Visa aproximar acadêmicos da saúde da dimensão ética do cuidado sob a ótica da corporeidade, para além da dimensão biológica, como também pela individual, social, espiritual desenvolvendo habilidades da gestão do cuidado. Tem como pressuposto que a partir do cuidado de si, o cuidado com os outros e com o mundo passa ser permeado pelo exercício reflexivo da ética, da liberdade e da autonomia. Realiza de oficinas de percepção corporal seguidas de rodas de conversa (RC), abordando do tema central Corporeidade e Cuidado. São utilizadas técnicas desenvolvidas por Françoise Mèziere que trabalham a percepção corporal e a reeducação postural. Os temas da RC são definidos pelos participantes a partir da vivência da oficina. No ano de 2011 realizou oficinas com estudantes de outros projetos assistenciais da UFMG, com os bolsistas e preceptores de grupos tutoriais do PET-Saúde e com profissionais de serviço do HC-UFMG. Percebe-se um grande envolvimento dos participantes, com relatos da ampliação do olhar sobre si e sobre o outro. A dimensão ética do cuidar passa a nortear as práticas em saúde: a compreensão de que o corpo carrega marcas de sua história que podem refletir na percepção corporal, postura, auto-cuidado, auto-estima, relacionamentos e na forma de expressão. O corpo deve ser manuseado com cuidado, uma vez que, ao ser tocado, desperta todas as experiências nele registradas ao decorrer da vida. Além disso, as experiências e discussões possibilitaram percepções e correções de posturas inadequadas, o estímulo à prática de hábitos de vida saudáveis, o respeito aos limites corporais tanto de si como do próximo,a melhora do padrão respiratório e da flexibilidade. Observou-se também uma nova forma de lidar com o estresse cotidiano, percebendo as tensões e alterações corporais por ele provocadas. A partir de relatos nas oficinas e encontros do Corpo Vivo, é possível identificar mudanças na vida dos participantes como aquisição de novos hábitos de vida, mudanças nas relações interpessoais tanto profissionais como pessoais e maior autoconhecimento. Identifica-se o desenvolvimento de habilidades e atitudes importantes na formação de profissionais de saúde, que irão favorecer a visão de si e do outro de forma a qualificar o auto-cuidado e cuidado com outro. Tem-se como desafio levar essa noção de corporeidade ao maior número de profissionais da área da saúde.