Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Projeto Platéias Hospitalares: cultura cuidando da saúde dos trabalhadores, pacientes e familiares das unidades estaduais do Rio de Janeiro
Tatiana Clarkson, Fabiani Gil, Monica Guedes

Resumo


No final de 2009 a Secretaria Estadual de Saúde através da Assessoria da Política de Humanização em parceria com a ONG Doutores da Alegria cria o projeto Platéias Hospitalares. Na época a equipe de Humanização já desenvolvia ações dentro das unidades estaduais, no entanto, se deparava com profissionais de saúde saturados e descrentes da possibilidade de mudança, muitos adoecidos com as dificuldades de se trabalhar na saúde pública. Concomitante a esse trabalho nos hospitais, compreendeu-se que projetos envolvendo saúde e cultura poderiam fazer diferença na mudança de subjetividade existente no ambiente hospitalar. Além disso, muitos dos hospitais estaduais eram referência e queridos pela população, e odiados, por vezes, pelas difíceis condições de atendimento, tornando as relações entre trabalhadores e usuários muitas vezes tensas. Levar teatro, música, arte e cultura significavam levar sensibilidade e delicadeza para as relações naquela unidade, entre os profissionais de saúde, entre estes e os pacientes internados e seus familiares, e de maneira geral entre estes e a comunidade que acessa a unidade diariamente. O projeto Platéias Hospitalares trouxe o convite a grupos artísticos do Rio de Janeiro, através de editais públicos, a se apresentarem em 8 unidades estaduais, entre elas: 5 grandes unidades hospitalares de emergência, uma unidade de cuidado de idosos, uma de tratamento de tuberculose e uma outra unidade antiga colônia de cuidado da hanseníase. Durante o ano de 2010 e 2011 se apresentaram grupos artísticos de teatro, música, e até orquestras com blocos de carnaval. Observou-se que cada unidade respondeu de forma singular a esse projeto, as apresentações trouxeram movimento e novidades aos hospitais, mobilizaram os profissionais na organização para levar os pacientes internados, entre jovens, crianças, adultos, idosos e familiares. O dia da apresentação transforma o ambiente do hospital em alegria e troca por meio da cultura, tocam a todos, os convocam a estarem de maneira diferente naquele lugar, trazem leveza ao cuidado, e a consciência que mesmo os trabalhadores da saúde, os cuidadores, precisam de cuidado. A cultura é produtora de saúde porque capaz de tocar, sensibilizar, criar, de trazer novos horizontes, novas relações a essas unidades. Acompanhamos, desde então, novos processos de construção dentro dessas unidades, a ampliação e criação de projetos pelos próprios profissionais, a mobilização para melhoria do cuidado.