Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Relato de experiência da prática educativa na formação do enfermeiro do trabalho - a humanização no cenário de prática
Marilei de Melo Tavares e Souza

Resumo


O presente estudo buscou analisar de que maneira o cotidiano do trabalho em saúde gera sofrimento para os trabalhadores repercutindo no processo de humanização da assistência. Na busca de soluções para a melhoria da qualidade de vida no trabalho devem ser abordados elementos relacionados à organização e fatores psicossociais do trabalho, comumente excluídos do leque de ações em saúde no trabalho. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, cujos dados foram captados por meio de uma atividade de ensino. Por se tratar de uma pesquisa empírica os dados foram identificados, agrupados e analisados a partir de categorias que emergiram do diário de campo e dos referenciais teóricos da pesquisa, de acordo com a perspectiva da análise temática de conteúdo. Com base nos resultados obtidos constatou-se que o assédio moral é uma forma freqüente de exploração do sofrimento do enfermeiro em seu processo de trabalho, marcado pelo uso da autoridade para humilhação do trabalhador frente ao restante da equipe. O remanejamento de setor sem o devido consentimento do enfermeiro é outro fator apontado como gerador de sofrimento, responsável pelo aumento da ansiedade na equipe. A mudança de rotinas ou equipamentos é também apontada como fator de sofrimento, gerador de insegurança no processo de trabalho. Destaca-se que grande parte dos problemas vivenciados pelo enfermeiro em seu cotidiano está fora de sua governabilidade, embora este acabe respondendo pelo desfecho negativo de situações-problemáticas, em geral ocasionadas pela falta de equipamento, material ou recursos humanos. Conclui-se que a expressão de emoções diante do paciente é muitas vezes reprimida entre os enfermeiros, sendo considerada como exploração de sua frustração. O sofrimento vivenciado pelo enfermeiro em seu processo de trabalho está mais relacionado ao receio de não cumprir adequadamente o seu papel profissional do que a exaustão decorrente da sobrecarga ou continuidade do trabalho, trazendo prejuízos para a humanização da assistência. Palavras-chave: Humanização; Formação; Sofrimento; Trabalho