Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Programa de Prevenção ao Suicídio reduz indices de mortalidade em Candelária/RS
Aline Gewehr Trindade, Sanderlei Pereira, Regina Soares

Resumo


A palavra suicídio vem do latim SUI (próprio) e CAEDERE (matar), e significa o ato intencional de matar a si mesmo. Conforme a OMS, anualmente, 1 milhão de pessoas no mundo cometem suicídio. O RS é o estado brasileiro com maior percentual de suicídios. A cada 24 horas 3 pessoas se matam no estado. Conforme a SES somente em 2009, 1.151 suicídios foram registrados no estado. O suicídio no estado mata tanto quanto mortes no transito, um drama desconhecido porque se refere a um assunto tabu. Mortes que abalam famílias, desorganizam lares, tragédias que marcam para sempre os ditos sobreviventes (irmãos, filhos, pais...) O suicídio já é uma questão de saúde publica em todos os paises. O município de Candelária/RS possuía um dos maiores índices, desta tragédia silenciosa. Neste contexto tornou-se necessário a criação de um programa de Prevenção ao Suicídio. Em uma parceria da Secretaria da Saúde de Candelária com a EMATER, iniciou o Programa de Prevenção ao Suicídio - PPS. Este programa é voltado para a atenção ao comportamento suicida, assim como o impacto traumático que este evento provoca na sociedade. Buscando estratégias para reduzir índices, acolher esta demanda e caracterizar um perfil epidemiológico destes sujeitos. Os fatores de risco são: tentativa de suicídio anterior, doenças psiquiátricas (depressão, esquizofrenia...), dependência química (álcool, crack e outras drogas...), historia de suicídio na família... O PPS, criou um protocolo no município que visa organizar um fluxo desde a captação dos casos de tentativas até o acompanhamento pós alta do tratamento. O PPS, trabalha com o principal grupo de risco que são os pacientes com tentativas de suicídio (comportamento auto-lesivo com resultado não fatal). O comportamento suicída, é identificado por toda rede básica de saúde, agentes comunitárias de saúde, hospital geral, segurança publica (delegacia, BM...), serviços de emergência (SAMU...), no interior os pacientes em risco são captados pela EMATER através dos grupos realizados com os agricultores. A parceria com a EMATER é de suma importância já que os maiores índices no meio rural são 3 vezes maiores que no urbano. Após identificado a notificação é feita e o paciente encaminhado com urgência ao Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, onde será elaborado um plano terapêutico específico para estes casos. Inicia-se o tratamento com psicólogos, psiquiatras, medicação, apoio social, acompanhamento permanente e continuo através de visitas domiciliares, contatos telefônicos, mobilização da rede de apoio, grupo de sobreviventes (familiares)... Também é realizada uma coleta de dados específica, que visa traçar um perfil destes sujeitos. No primeiro ano de trabalho PPS os índices reduziram cerca de 60%, o que comprova que a prevenção é a melhor estratégia para reduzir este tipo de morte anunciada. A importância do trabalho de prevenção fundamenta-se no fato de que o suicida não quer morrer, mas sim deixar de sofrer! Com números elevados de mortes a conta gotas, é urgente que a União, o Estado e os municípios, construam uma política publica de prevenção ao suicídio, afinal, o não falar sobre o assunto apenas fez crescer nossos índices.