Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Saberes e esquemas de ação docente em saúde coletiva e suas implicações no cotidiano dos processos de formação em saúde
Gilson Saippa Oliveira

Resumo


Este Trabalho se origina das discussões travadas numa pesquisa de caráter qualitativo que originadas numa tese de doutorado em saúde pública, defendida, pelo autor, junto ao programa pós graduação em Saúde Pública que objetivou compreender, dentre outras questões, as fontes de saber que propiciam os esquemas geradores de práticas, de um conjunto determinado de docentes universitários do campo da Saúde Coletiva que desenvolviam suas atividades nos seguintes cursos de graduação em saúde: Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Medicina, Nutrição, Odontologia, onde buscou-se ampliar a o formato de entendimento sobre a complexidade do exercício da docência superior e colaborar com os debates em curso na área da saúde que tratam das temáticas relativas ao papel desempenhado pelos docentes, frente aos desafios de operacionalização dos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS) que são com frequência objeto das atenções dos debates do campo científico, das formulações das políticas públicas de saúde e educação Defendeu-se que a apropriação dos saberes emerge de pontos de vista, campos disciplinares, lugares de elaboração e perspectivas teóricas que revelam-se, no cotidiano dos processo formativos, a partir de uma polissemia de sentidos definidas por três concepções ou “topos” diferentes: a subjetividade, o julgamento e a argumentação que revela-se, no cotidiano dos processos de formação, como resultantes da formação, da área disciplinar, da estrutura organizacional e da disposição curricular e da trajetória individual e profissional vivida por cada docente. Como resultados do estudo destaca-se a expressão de três das condições fundamentais do trabalho docente: a primeira diz respeito à dimensão temporal, a segunda, à transformação do ato de trabalhar e suas implicações corporais e a terceira, à dimensão afetiva e relacional como elementos que sustentam a construção da identidade e do trabalho docente propriamente dito onde a identidade pessoal e profissional que são forjados no tempo e com o tempo, através das experiências e identificação do que seja a docência, ou seja, aprendeu-se a trabalhar, trabalhando e podem ser compreendidas de duas maneiras: A primeira diz respeito a uma temporalidade que se expressa no conhecimento que cada um deles adquiriu sobre o ato de ensinar, seja vindo da repetição ou negação de situações que fizeram com que adotassem e valorizassem estratégias para a solução de problemas específicos do ensino e a sua permanência na atividade. A segunda diz respeito à construção de identidades a partir das experiências significativas vividas no início das atividades docentes, onde aprenderam e misturam intimamente aspectos pessoais e afetivos, como sentimentos de controle e descoberta de si no trabalho. Observa-se que no processo de deliberação e intenção os docentes investigados expressam e se orientam pelo confronto entre as idealizações do ensino (rotinas e modos organizados e legitimados pela experiência e por certa coerência prévia) e as condições reais que oferecem a possibilidade de cada agente produzir alterações às necessidades colocadas pelas diferentes situações de aula. A utilização de saberes pouco formalizados revela o que cada docente considera como relevante ao exercício do trabalho e à realidade da turma (alunos reais), o que se denomina saberes da formação profissional (pedagógicos) são organizados pelos entrevistados como uma jurisprudência particular e pelo conjunto de saberes difusos difundidos pelas instituições de formação, como também a partir de referências, mesmo que distantes, sobre as tendências pedagógicas que procuram incorporar às suas práticas. O entendimento das posturas relacionais nos revela que a docência assume contornos definidos pelos sentidos e valores que tangenciam, influenciam a ação pedagógica, que se manifestam em decorrência a determinadas posições no campo escolar a partir da conexão de exemplos cotidianos, apropriados na experiência dentro e fora da sala de aula.O percurso adotado e as compreensões proporcionadas significaram a possibilidade de produzirmos, a partir de um ponto de partida impreciso e permeado por questionamentos, uma ampliação do entendimento inicial sobre a docência, enquanto atividade eminentemente relacional, permeada por escolhas e cruzamentos de expectativas que obedecem a movimentos de (re)construção cotidianas, reafirmando seu caráter inacabado onde se misturam identidade, subjetividade e intencionalidades que se revelam pelo e no trabalho.A compreensão dos saberes que dão suporte a prática docente, são aqui entendidos como uma estratégia tecno-política fundamental que ajuda a repensar e atuar de maneira propositiva no processo de reestruturação dos cursos do campo da saúde, onde métodos de ensino, conteúdos pedagógicos e saberes que embasam a docência são vistos de maneira indissociável quando o assunto a ser tratado disser respeito as desejáveis transformações dos processos que ocorrem na formação em saúde.