Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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TRANSDISCIPLINARIADADE EM SAÚDE MENTAL: um relato de experiência
Camilla Suany de Oliveira Almeida

Resumo


A complexidade que envolve o campo da saúde mental só pode ser apreendida a partir de uma perspectiva transdisciplinar, uma vez que o cuidar em transtornos mentais exige complementaridade de saberes do nível humano. A Reforma Psiquiátrica preza pela abordagem terapêutica psicossocial, de reabilitação e reinserção social, concomitante à medicamentosa. Nessa abordagem, as diversas áreas do conhecimento devem dialogar, de maneira transdisciplinar, visando o desenvolvimento de um plano terapêutico mais eficaz para cada indivíduo. Durante a sua formação curricular obrigatória, o estudante da graduação não encontra a oportunidade de pensar e trabalhar de forma transdisciplinar. As Atividades Curriculares em Comunidade (ACC), em caráter optativo, preenchem essa lacuna na formação do futuro profissional. Objetiva-se relatar a experiência de vivência transdisciplinar durante uma ACC no campo da saúde mental, no período de agosto a dezembro de 2011destacando sua relevância para uma formação discente amplificada. A experiência trouxe a possibilidade de conviver e interagir com estudantes de diferentes áreas da saúde, confrontar e agrupar conhecimentos. Nos propusemos, assim, o salutar desafio de se trabalhar em equipe de maneira transdisciplinar. Obtivemos maior inserção na comunidade, ampliando a vivência prática e percepção quanto ao campo da saúde mental, o que irá repercutir, futuramente, nos cuidados de saúde prestados quando graduados. Essa experiência foi de grande valia para a formação profissional, extrapolando horizontes para a esfera pessoal de cada estudante envolvido, além de dar continuidade à proposta de humanização dentro do contexto da reforma psiquiátrica. A comunidade se beneficiou com a nossa vivência quando cada participante da ACC pôde informar, psicoeducar, retirar dúvidas, sugerir mudanças, transmitir afeto, escutar atentamente, criar vínculo, ou simplesmente estar presente, em prontidão para ajudar aquele em sofrimento psíquico, tentando retirá-lo da solidão e isolamento social a que por tantos séculos, historicamente, foi condenado. Observamos as formas terapêuticas realizadas por diversos profissionais, constatamos a existência da interdisciplinaridade entre eles. Participamos de algumas delas, transitando por áreas antes nunca visitadas, cientes de que o problema não é a cura, mas a produção de vida, de sentido, de sociabilidade. Concluímos que trabalhar de forma transdisciplinar é tão importante quanto o saber técnico de sua área específica do conhecimento. A experiência de trabalho transdisciplinar deve iniciar-se desde a formação acadêmica a fim de ser praticada entre os futuros profissionais. Os sujeitos envolvidos devem estar comprometidos e sensibilizados com essa proposta, que contribui para a melhoria da atenção à saúde mental e ao cuidado de quem está em sofrimento psíquico.