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UM MÉDICO GENERALISTA: UMA TRAVESSIA – OLHARES NUM TERRITÓRIO SEM PORTAS
Resumo
Caracterização do problemaA formação médica se destaca pelo intenso jogo de forças que conduzem o processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de um campo de forças, onde quatro tensões – formar médicos, praticar medicina, produzir conhecimento e disputar projetos – são operadas o tempo todo pelos atores neste campo. Aglutina-se a perspectiva de “revisões de modelos”, a fragmentação do ensino e a tecnificação da prática médica, linhas que expressam o grande vínculo entre a escola médica e a sociedade. Dentro deste processo de mudança nos currículos médicos, movimentos políticos e sociais (CINAEM, fóruns da ABEM, pautas da DENEM) promovem como bandeira a discussão da formação dos médicos brasileiros na tentativa de trazer subsídios para melhor conduzi-la. Muitos destes esforços culminam com as diretrizes curriculares nacionais para o curso médico – DCN-MED - (MEC, 2001), que propõe o perfil para a formação do estudante de medicina brasileiro, caracterizado pela capacidade de ser “generalista”. Descrição da experiênciaReflito a experiência de acompanhar/atuar em uma intervenção num território marcado pela desigualdade social: - "Comunidade Sertão", escombros de um supermercado em uma região periférica de Campinas, comunidade marcada pelos “desencontros clínicos”, e pela "resistência" aos modos comuns de operar o cuidado em saúde. Discuto a prática generalista referenciado pelo exercício de um “olhar cego” – olhar livre que procura se esquivar das codificações e normas das práticas clínicas sanitárias/higienistas -, que desterritorializa e fomenta “encontros médico-paciente” produtores de vida e aumentativos da potência de vida, capazes de tecer linhas de cuidado e munir os recém-egressos com “uma caixa de ferramentas” frente as necessidades de saúde apresentadas na prática médica atual, em Rede, junto aos trabalhadores e as equipes de saúde.Efeitos alcançados Aprofunda a discussão da prática da redução de danos como peça indispensável a “caixa de ferramentas” da formação generalista em saúde;Discute-se interface entre Produção de Redes e a prática de uma Clínica aumentativa de potência, produtora de saúde. Reduzir danos para produzir vida!Tensionamentos e produção de sujeitos implicados (com o campo, com a vida!)Expõe desafios/linhas de fuga do cotidiano da prática em saúde.RecomendaçõesSer Generalista: ser cuidador.Redução de Danos: potencialidade de uma prática política e ética.Inúmeros outros “Sertões” esperam a travessia com passos menos estanques.