Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Rádio Revolução FM – Comunicação para a cidadania
Danielle Barros Silva Fortuna, Valdir de Castro Oliveira

Resumo


O contexto da reforma psiquiátrica propiciou abertura de novos modos de cuidado ao usuário de saúde mental substitutivos à internação hospitalar. Dentro das estratégias contemporâneas antimanicomiais fundamentadas em atividades artísticas, culturais e comunitárias, as oficinas terapêuticas psicossociais têm um papel de destaque. Esse tipo de estratégia engloba numerosas possibilidades, desde o artesanato, artes plásticas, até oficinas de comunicação. As oficinas de rádio consistem em encontros na própria unidade de saúde (CAPS), onde os pacientes desenvolvem a produção e apresentação de um programa radiofônico. Em geral, essas oficinas objetivam a promoção da socialização, desenvolver habilidades comunicacionais dos participantes e contribuir para a sensibilização sobre o movimento da saúde mental. Parte-se da hipótese que os processos pedagógicos pelos quais as oficinas são desenvolvidas passam, em geral, pela busca da comunicação dialógica e participação dos sujeitos, nos permitindo relacioná-las às idéias do educador Paulo Freire, que defendia uma educação enquanto prática libertadora voltada à construção de uma consciência crítica e forma de intervenção no mundo. Esta pesquisa objetiva relatar uma experiência, a Rádio Revolução FM que surgiu em 1995 no Centro Comunitário Pedro II, Unidade do Instituto Municipal Nise da Silveira (IMNS), complexo hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde, Rio de Janeiro – Brasil. A Rádio foi criada para funcionar como oficina de rádio e terapia ocupacional aos usuários do IMNS, contudo qualquer interessado pode participar. A oficina de rádio consiste na produção e apresentação de programa de rádio, para tanto é necessário freqüentar um curso com duração média de 2 meses, ministrado por professores voluntários da área de comunicação para o aprendizado das técnicas radiofônicas. Na grade de programação há uma pluralidade de temas e perfis, como saúde, política, religião, musicais, etc. Como principais resultados, observou-se que essas oficinas, por propiciarem espaço de diálogo e possibilidade de participação aos usuários (ao atuarem como locutores, repórteres, entrevistadores), promovem a auto-estima, socialização e estímulo ao desenvolvimento das habilidades comunicacionais, dos participantes uma vez que, ao contar suas histórias de vida, recitar poesias, cantar músicas ou falar de seus interesses, os usuários exercitam a oralidade, expressa sentimentos, aprendem e ensinam coisas novas, o que torna essa oficina um exercício de cidadania.