Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Uma antiga profissão do futuro: percepções de enfermeiros sobre sua formação e inserção profissional
Lilian Santos Carvalho, Antenor Amancio Filho, Mônica Wermelinger

Resumo


O estudo é resultado de pesquisa de dissertação de mestrado em Saúde Púlbica na área "Trabalho, Educação e Saúde", apresentado em julho do presente ano. A formação de recursos humanos em saúde tem sido analisada como indispensável para reorientar a assistência sanitária no Brasil. No caso da enfermagem, a reorientação do ensino da graduação tem sido amplamente discutida e novas propostas de operacionalização de projetos pedagógicos de cursos vêm sendo efetivadas. O estudo realizado teve como objeto a formação e a prática de enfermeiros após a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais em uma universidade federal do estado do Rio de Janeiro. Teve como objetivo geral analisar a relação formação-prática do enfermeiro frente às Diretrizes Curriculares e, como objetivos específicos: identificar a inserção profissional de enfermeiros egressos no ano de 2009 da Escola de Enfermagem; discutir como os enfermeiros egressos relacionam sua formação com a atuação profissional e verificar as expectativas profissionais destes. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa empírica, onde se analisou o ensino superior em enfermagem e aplicação de questionários contendo indagações sobre a formação, profissão e carreira. Para sistematização dos dados foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, e confrontadas as propostas que permearam a reestruturação do currículo do referido curso e as percepções dos enfermeiros sobre tais. Concluímos que as mudanças atuais não representam, necessariamente, rupturas, mas ampliação dos modos de ver as práticas em saúde, onde coexistem consensos e contra-sensos na formação do enfermeiro. Questionamos o perfil do enfermeiro na perspectiva das Diretrizes Curriculares: profissional adaptável, crítico, reflexivo e flexível, num contexto de iniqüidades em saúde, massificação do ensino superior e reestruturação produtiva. Deparamo-nos com o grande interesse dos participantes na área de saúde coletiva, e desinteresse nos serviços hospitalares privados. A questão da identidade profissional desvelou-se com as (des) continuidades e transcendências que constituem a enfermagem como prática atemporal, com representações distintas sobre seu passado e expectativas imprecisas pro futuro. Destaca-se a permanente busca de adequação às demandas político-governamentais por parte das instituições de ensino e, paralelamente, os movimentos de resistências dos profissionais e a busca constante de definição da identidade do enfermeiro.