Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Recepção em Unidade de Saúde da Família: territorio de encontro entre trabalhador e usuário?
Maria Cecilia Tavares Leite, Maria Neire Góis Costa Déda

Resumo


O estudo objetiva problematizar qual vem sendo o papel desempenhado pelos trabalhadores da recepção no acolhimento das USF’s. A pesquisa foi desenvolvida nas Unidades de Saúde da Família de Aracaju/Se. O universo da pesquisa foi constituído pelos trabalhadores que atuam no espaço da recepção, num total de 172 (cento e setenta e dois) trabalhadores distribuídos nas 43 (quarenta e três) USF’s de Aracaju. A amostra foi constituída pelos trabalhadores da recepção de 16 (dezesseis) USF’s, totalizando 51 (cinquenta e um) trabalhadores, o que corresponde a 29,6% do universo destes trabalhadores. Trata-se de um estudo de cunho exploratório e descritivo, com abordagem quantitativa. O instrumental da coleta de dados foi o questionário com questões fechadas e o campo analítico tem como fio condutor estudos sobre processos de trabalho em saúde e acolhimento. Verificou-se que grande parte dos trabalhadores tem entendimento do que significa acolhimento, embora ao descrever o que é feito no acolhimento, refere-se à “velha” prática de recepcionar o usuário, através da triagem, distribuição de senha e agendamento de consultas. Existem lacunas no acolhimento ao usuário, sobretudo em relação ao atendimento na recepção. Constatou-se, ainda, que não há participação efetiva dos trabalhadores da recepção nos processos de trabalho em equipe, especialmente nas reuniões de equipe. Observou-se, também, o reconhecimento da recepção como o local onde mais ocorre o acolhimento e que os trabalhadores se reconhecem como sujeitos importantes nesse processo. Conclui-se que, apesar dos avanços verificados, o papel atualmente desempenhado pelos trabalhadores no território da recepção nas USF’s de Aracaju não rompe efetivamente com o que foi historicamente construído e consolidado e, reproduz relações de poder com os usuários ao se atribuírem o papel, ainda, de definir o “direito” ou não ao acesso.